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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

In Memoriam Irmão José Domingos Rodrigues

PROFISSÃO: MAÇOM

Para o Maçom, realizar uma tarefa é como elevar uma prece. Por acreditar ser capaz de colaborar com a Obra, ele se dispõe a aprender o Ofício. Ele tem orgulho da sua condição de Homem Livre e de Bons Costumes, espelhado na tradição centenária das Corporações Medievais que erigiam suas obras materiais sob a ótica da Perfeição. Volta-se para dentro de si e lapida suas asperezas como que talhasse uma Pedra Bruta a ser esquadrinhada e preparada para se encaixar no edifício, seu Edifício Interior. Ao contemplar seu trabalho, exulta com o resultado alcançado e sente-se feliz por ser capaz de contribuir com a felicidade da Humanidade.

A relação que há entre os Postulados da Maçonaria e o Maçom é a condição deste jamais negligenciar ou alterar, acrescendo ou suprimindo, o que lhe foi ensinado quando acolhido pela Ordem, pois, assim agindo, garantirá a Justeza e a Perfeição da Obra a ser construída.

A Tradição que alicerça a Maçonaria é sólida e os pilares de conduta em que se encontra apoiada foram erguidos com padrões de excelência. A perfeição da lapidação das pedras que a sustentam emprestam-lhe virtuosismo de detalhes só encontrado nas Obras dos Grandes Mestres.

Para incentivar o progresso intelectual e social da Humanidade, a Maçonaria oferece aos Maçons as ferramentas que o habilitam ao combate de toda manifestação de ignorância, de fanatismo e de superstição, que são os maiores males que afligem o Homem. Por outro lado, exige que o Maçom seja um Profissional no seu manuseio.

O Maçom realmente imbuído da sua missão trabalha e retrabalha com essas ferramentas, de forma ininterrupta, buscando a perfeição em cada detalhe, em cada corte, em cada encaixe. Como qualquer outro Profissional que alia sua inteligência à prática exigida por sua arte, orienta todos os procedimentos de forma que seu conjunto possa resultar numa Obra Perfeita, capaz de passar às gerações futuras como exemplo, como valor a ser resguardado.

Esta é a Missão da Maçonaria: fazer do Maçom um Construtor Social que se preocupa com o aperfeiçoamento e a progressiva e pacífica emancipação da Humanidade. Esta deve ser sua Grande Obra.

José Domingos Rodrigues – Grão-Mestre da GLMSC





Fonte: http://www.mrglsc.org/

sábado, 20 de agosto de 2011

Ser Maçom

Ser maçom é ser homem sem defeito
É ser fiel as cores da bandeira
Ser maçom é ter sempre sob o peito
Á pátria amada, nobre e sobranceira!
Ser maçom é ser reto e ser leal
Ser exemplo perante a sociedade
Ser maçom é ser exemplo de seu lar
Ser bom e praticar a caridade
Ser maçom é estar sempre de pé
Ser alerta alento aos perversos
Ser maçom é ter crença e ter fé
No Grande Arquiteto do Universo
Ser maçom é ser comunicativo,
É encarar a vida com alegria
Ser maçom é ser nobre, ser altivo;
Bom esposo e bom chefe de família
Ser maçom é ser pródigo nos conselhos
É ser grande vivendo na humildade
Ser maçom é viver sendo um espelho
Que reflete virtudes e bondade!
Ser maçom é sentir a dor alheia,
http://reporterdecristo.com/wp-content/uploads/2010/08/maconaria2.jpg

Da árvore da vida ser um galho
Ser maçom é viver como colméia,
Unida no amor e no trabalho!
Ser maçom é ser estudioso,
Nos misteres da loja ser profundo,
Ser maçom é ser calmo, ser bondoso

DIA 20 DE AGOSTO

DIA DO MAÇOM

quarta-feira, 25 de maio de 2011

NINGUÉM É MAÇOM, SOMOS RECONHECIDOS COMO TAL


Um dos grandes dilemas maçônicos é saber se podemos nos intitular maçons (Sou maçom!) ou se essa afirmativa não nos pertence e só pode ser feita por um outro maçom.
De fato, temos uma visão míope de nós mesmos. Tendemos a uma hipervalorização do nosso eu e, não raras vezes, em detrimento do outro… Explico melhor, fomos educados em um sistema de comparações em que um ponto geralmente é explicado ou visto em relação a outro. Tendemos ao comparativo e assim nos sentimos mais ricos quando vemos mais pobres, sentimo-nos mais bonitos quando vemos mais feios e assim por diante.

Ocorre que por vezes nossa miopia egocêntrica é tão grande que nos assustamos com nós mesmos ao vermos nossa imagem refletida em um espelho. Tendemos a não acreditar no que vemos… não é possível que seja eu…

Mas por vezes forçamos a barra e influímos na imagem do espelho, ou pelo menos no que ela está nos revelando. O feio se torna belo e assim por diante.

Assim, ao nos considerarmos maçons, em detrimento de sermos reconhecidos como tal, chamamos para nós um conjunto de características do “ser maçom” que muitas vezes não apresentamos, não temos.

Claro, sempre se pode invocar o formalismo. Sou maçom porque fui iniciado. Sou maçom porque pertenço à obediência tal… e etc. … Mas isso realmente nos confere a autoridade para nos denominarmos maçons?

O que é ser maçom? É somente ter sido iniciado? Não implica mais nada?

Desde meus tempos de aprendiz escuto um trocadilho muito usual em nosso meio, principalmente quando não gostamos de um determinado Irmão: “fulano é um profano de avental” ou então, quando encontramos qualidades em um não iniciado: “é um maçom sem avental”…

Por certo ser maçom implica muito mais que ter passado por uma iniciação.

Também reverbera em meu pensamento uma frase muito pronunciada em iniciações: “bem-vindo meu Irmão; esperamos agora que assim como você entrou para a Maçonaria que deixe que essa entre em você, em seu coração e atitudes…”

Minha angústia, que motiva essa reflexão sobre SER MAÇOM, é a inépcia de nossos métodos “maçônicos” em muitos de nós. Não raro vemos Irmãos colados no grau de mestre, mestres instalados e, até no grau 33º, com exposições diametralmente opostas à nossa filosofia, com atitudes antagônicas ao que se desprende de nossas alegorias e símbolos.

Bem sei que deveria estar preocupado acima de tudo com a minha pedra bruta, evitando reparar nas imperfeições de outras pedras, mas isso está se tornando impossível para mim, pelo que peço humildes desculpas aos meus Irmãos, mas não dá para “tapar o sol com a peneira”, empresto aqui voz há muitos que têm se chocado com palavras e atitudes de outros Irmãos.

Abate-me extremamente estar ao lado de Irmãos que acham que o cume de seus progressos na Maçonaria são os graus colados… ser grau 33º em seu rito, ser mestre “instalado”, estar autoridade maçônica e assim por diante e, deixam a humildade, a fraternidade, o carinho e virtudes trancados no armário, o armário da arrogância e da empáfia.

Abate-me saber que Irmãos são indiciados civil ou criminalmente pelos mais variados delitos ou crimes.

Abate-me ter conhecimento de Irmãos que batem em suas esposas, filhos e familiares.

Abatem-me as disputas para saber quem é mais maçom, quem tem o maior grau… quem foi melhor Venerável Mestre.

Não consigo entender também como alguns insistem em trazer o pior de suas práticas profissionais para o seio das Lojas. Estive em Lojas onde me senti como em um tribunal de justiça, onde se fazia de tudo menos aquela egrégora gostosa de estar entre Irmãos. Todas as palavras eram medidas com cuidado, os pronunciamentos eram cheios de erudição jurídica, menos maçônica. A sessão travava com os famigerados “pela ordem Venerável”…

E o que falar dos Irmãos entendidos em política. Raro é os ver apresentando um trabalho sobre alegoria ou simbolismo maçônico… a tônica é uma só: política.

Voltamos então ao fulcro desta reflexão: sou maçom ou sou reconhecido como tal? O que significa ser reconhecido como maçom?

O que ou quem é o maçom? Há algo que o diferencia de outro ente?

Se nos orientarmos pelos rituais e pela literatura maçônica teremos uma visão superidealizada do SER MAÇOM. Ele mais se parece com um super-homem, dotado de poderes extraordinários. Mas no convívio, no dia a dia, se desfaz essa visão do super-homem. Eu pelo menos nunca o encontrei entre nós, pelo menos não na forma idealizada. Muito menos em mim mesmo…

Está mais do que na hora de nos despirmos do modus profano. De tirarmos as nossas máscaras e darmos um passo em direção ao autêntico “ser maçom”. Está na hora de sermos maçons.

Reconheça que você não é o centro do universo!

Reconheça que outros podem vivenciar mais a maçonaria do que você!

Reconheça que graus de nada servem se seu coração e atitudes não passaram daquelas do grau 1 (pedra bruta)!

Reconheça que ser Mestre Instalado não lhe dá direitos acima de seus Irmãos!

Reconheça que tem pesquisado, estudado e refletido muito pouco em nossos símbolos, alegorias e ritualística!

Reconheça que tem faltado às sessões porque se acha melhor que aqueles que estão sempre lá, gostando ou não, ajudando nos trabalhos em Loja.

Reconheça que se é verdade que Maçonaria não se faz somente em Loja, também o é verdade que sem estar em Loja não se faz Maçonaria! É na Loja que exercitamos o submeter minhas vontades e fazer novos progressos na maçonaria. Não se iluda.

Reconheça que a Maçonaria não é clube social, partido político, confraria da cerveja ou o quintal de sua casa, terraço de seu apartamento, sala de seu trabalho, mas uma Ordem INICIÁTICA.

Reconheça, por fim, que você não é dono da Loja.

Deixe que as alegorias e símbolos tomem forma em seu interior e se manifestem em suas atitudes, não em meras palavras.

Deixe que o movimento da egrégora maçônica lhe tome a mente, o coração.

Deixe que a humildade aflore em suas palavras e ações. Não tema, pode baixar a guarda, você está entre Irmãos.

Por fim, receba seu prêmio, não é um avental mais bonito que o dos outros Irmãos ou um título de MI ou 33º, mas, tão somente uma ação: você é reconhecido como tal, sem sombras de dúvidas!

Fonte:
http://www.revistauniversomaconico.com.br/comportamento-maconico/ninguem-e-macom-somos-reconhecidos-como-tal/

Enviado pelo Ir.’. César Luís Bueno Gonçalves M.’.I.’. ARLS Fraternidade Acadêmica Guarulhos Nº 3253 • GOSP/GOB.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

PACIÊNCIA

“Dai-me forças, SENHOR, para mudar as coisas que podem e devem ser mudadas; paciência para suportar as coisas que não podem ou devem ser mudadas; e, sobretudo, dai-me inteligência para discernir umas das outras”.

Na prece acima, atribuída ao Almirante Hast, em vez de “suportar” diríamos “conviver com”. Paciência e Sabedoria para conviver com as coisas que não podem nem devem ser mudadas.

A Ordem Maçônica cultiva a paciência como virtude principal, conhecedora que ela é do ponto de partida para encontrar as demais virtudes.

A Maçonaria cultiva a paciência porque é irmã gêmea da tolerância é uma virtude que consiste na capacidade constante em suportar as adversidades, as dores, os infortúnios, com resignação subordinada à fortaleza da alma. É resignação, de um lado, perseverança tranquila, de outro.

Diz-se que o tempo, a paciência e a perseverança nos conferem a integridade e habilitam a realizar todas as coisas, e talvez, finalmente, a encontrar a verdadeira Palavra.

Pernetry, filósofo hermético, menciona que os alquimistas diziam: “o trabalho da pedra filosofal é um trabalho de paciência, tendo em vista a duração de tempo e de labor necessários para levá-lo à perfeição”; afirma Geber que muitos adeptos o abandonaram por cansaço e outros, desejando consegui-lo precipitadamente, nunca tiveram êxito. Nos ensinos esotéricos dos alquimistas, a pedra filosofal tinha o mesmo sentido que a PALAVRA em Maçonaria”.

A paciência significa equilíbrio e o controle do dualismo, o freio para o instinto, o fruto da meditação, o caminho da sabedoria.

O Obreiro maçom, para desbastar a pedra bruta, burilá-la e poli-la, deve revestir-se de paciência.

A paciência conduz à perseverança, e essa à conquista do alvo planejado.

O maçom recém-admitido à Loja, para progredir, alcançar aumento de salário, buscar o Companheirismo e posteriormente o mestrado, deve plantar a sua conduta dentro da Loja com exemplar paciência.

Na verdade, o trabalho que requer o desbaste da Pedra Bruta para torná-la Pedra Polida é um trabalho de muita paciência. Este é um dos objetivos mais importantes da Maçonaria, senão o principal. No entanto, os impacientes e os que, na Maçonaria, apenas procuram interesses espúrios ou tolas vaidades não conseguem realizar este objetivo.

Tudo o que é destinado ao homem é alcançado; as precipitações, o afoitamento, a pressa, são meios conturbadores.

Para viver uma vida provecta, aproximando-se dos 100 anos de idade é necessário calma, serenidade e paciência; chega-se lá se a vida for conduzida de forma saudável, isenta de vícios e perturbações.

A paciência é o caminho mais curto para se alcançar a paz. Perdoar àqueles que conosco caminham para colocarem nossa paciência à prova é a caridade mais meritória.

Tenhamos à vista as afirmações de grandes pensadores do passado:

A paciência e o tempo dão mais resultado que a força e a raiva” (La Fontaine);

“A paciência torna mais suportável aquilo que não tem remédio” (Horácio);

“Todo poder humano é construído de paciência e tempo” (H. Balzac);

Tudo chega com o tempo, para quem sabe esperar. (Rabelais).

Sejamos, pois, pacientes, essa palavra encerra tudo. Que a Luz continue presente em nossas vidas e clareando todos os caminhos.

Fonte: http://blogdamaconaria.blogspot.com/2008/08/p-c-i-n-c-i.html

domingo, 8 de maio de 2011

Filhos são como navios

Nesse dia especial quero abraçar todas as mães. Para homenageá-las recorro a um texto judaico que diz: "Uma mãe é capaz de ensinar mais do que cem professores". Parabéns a essas abnegadas que possuem o dom divino da procriação.

Ao olhar um navio no porto, imaginamos que ele esteja em seu lugar mais seguro, protegido por uma forte âncora.

Mal sabemos que ali está em preparação, abastecimento e provisão para se lançar ao mar e seguir o destino para o qual foi criado, indo ao encontro das próprias aventuras e riscos.

Dependendo do que a força da natureza lhes reserva, poderá ter que desviar da rota, traçar outros caminhos ou procurar outros portos.

Certamente retornará fortalecido pelo aprendizado adquirido, mais enriquecido pelas diferentes culturas percorridas. E haverá muita gente no porto feliz à sua espera.

Assim são os FILHOS. Estes têm nos PAIS o seu porto seguro, até que se tornem independentes.

Por mais segurança, sentimentos de preservação e de manutenção que possam receber de seus pais, eles nasceram para singrar os mares da vida, correr seus próprios riscos e viver suas próprias aventuras.

É certo que levarão consigo os exemplos dos pais, o que eles aprenderam e os conhecimentos da escola, mas a principal provisão, além das materiais, estará no interior de cada um: A capacidade de ser feliz!

Sabemos, no entanto, que não existe felicidade pronta, algo que se guarda num esconderijo para ser doada, transmitida a alguém. O lugar mais seguro que o navio pode estar é o porto. Mas ele não foi feito para permanecer ali, pois ficando ali estagnado, vai apodrecer, enferrujar, e afundar.

Os pais que são o porto seguro dos filhos, mas não podem se esquecer do dever de prepará-los para navegar mar adentro e encontrar o seu próprio lugar, onde se sintam seguros, certos de que deverão ser, em outro tempo, este porto para outros seres.

Ninguém pode traçar o destino dos filhos, mas deve estar consciente de que na bagagem vão levar VALORES como HUMILDADE, HUMANIDADE, HONESTIDADE, DISCIPLINA, GRATIDÃO, GENEROSIDADE…

Filhos nascem das mães, mas devem se tornar CIDADÃOS DO MUNDO. As mães podem querer o sorriso dos filhos, mas não podem sorrir por eles. Podem desejar e contribuir para a felicidade dos filhos, mas não podem ser felizes por eles.

A FELICIDADE CONSISTE EM TER UM IDEAL A BUSCAR E TER A CERTEZA DE ESTAR DANDO PASSOS FIRMES NO CAMINHO DA BUSCA.

As mães não devem seguir os passos dos filhos e nem devem estes descansar no que os pais conquistaram. Devem os filhos seguir de onde os pais chegaram, de seu porto, e, como os navios, partirem para as próprias conquistas e aventuras, por mais difícil que seja, para as mães, soltar as amarras.

Autor desconhecido

Fonte: com adaptações (http://www.ronaud.com/)

terça-feira, 3 de maio de 2011

O TRABALHO MAÇÔNICO E A ESPIRITUALIDADE

Uma Loja maçônica, que pode simbolizar o mundo, o universo em que vivemos, é uma plataforma que permite o crescimento do maçom, o seu desenvolvimento espiritual, assim como a sua elevação ética e moral. Uma plataforma, que quando utilizada de forma correta, de coração aberto e em verdade, permite ao indivíduo aperfeiçoar-se e crescer, em suma, tornar-se um homem melhor e mais apto, livremente responsável, que, partilhando um desígnio com os Irmãos, se aperfeiçoa e aperfeiçoa o meio onde se insere à sua dimensão.

O trabalho maçônico, para mim, claro está, tem como objetivo tornar o mundo melhor. Isto parece um objetivo vago e inalcançável, que tudo permite dizer e nada diz. Porém, é minha convicção que é mesmo isto que fazemos todos os dias.

Uma L.'. maçônica tem por obrigação ser uma escol dos melhores de uma comunidade, mais capazes e mais aptos a fazer esse mesmo trabalho, o de potencializar as habilidades dos homens, desbastando a pedra bruta, aperfeiçoando-se e realizando-se na sua plenitude, contribuindo então para deixar o Mundo um lugar melhor do que era quando aqui chegamos. Um primado da Razão e da Filosofia, da bondade Moral e Justeza das ações.

Com os pés no chão, com a certeza de que não resolveremos todos os problemas, mas apenas aqueles que nos dispusermos a resolver.

Esse trabalho faz-se mudando os homens, que através do crescimento espiritual e cultural, vão aos poucos alterando a sua forma de interagir com a comunidade onde se inserem. Crescendo e aperfeiçoando-se, o maçom muda para melhor o mundo que o rodeia. Do somatório puro e simples do aperfeiçoamento dos maçons, observamos uma transformação na sociedade, quer tenhamos ou não disso noção. Um processo que se apresenta como profundamente individual assume então a sua generosidade. O trabalho do maçom é aperfeiçoar-se em Loja. E como é que isso acontece? Esse é o trabalho da loja à luz dos códigos de elevação moral e espiritual, onde o Ritual assume um papel preponderante, tornar homens bons - melhores dispostos a preparar o futuro e construir o presente à luz dos ideais maçônicos. Para isso deve ter a Loja um critério rigoroso de escolha dos seus candidatos, sob pena de se transformar num clube de amigos que transferimos do mundo profano, desprovido de sentido.

Os candidatos devem ser convidados à luz das características dos seus talentos, para que possam ser aproveitados para o trabalho que está na gênese da Maçonaria e é a sua razão de existir. E porque talentos per si não valem nada, é aqui que os potencializamos e aprendemos que o que conta é o que com eles realizamos à luz de um código de moralidade e de valores que escolhemos livre e conscientemente para nós.

Estes homens que descrevo têm de ser capazes de conceber o Divino; o Indizível; de sonhar; de terem visão; de terem a Força, a Sabedoria e o desprendimento de se entregar a projetos aparentemente impossíveis, utópicos e belos; têm de conceber a fraternidade leal - fruto da partilha do Desígnio. Porque é disso que falamos, de uma escol de Cavaleiros, que foram Cavaleiros da Terra, depois Cavaleiros do Mar e hoje Cavaleiros do Mundo. Essa dimensão espiritual é a sua característica mais importante. Que passo a explicar como se me apresenta hoje.

Entendo que a espiritualidade é uma dimensão indissociável da condição humana, mais do que o bem exclusivo de Igrejas, Religiões ou Escolas de pensamento. Na prática, fala-se de Espiritualidade para a parte da vida psíquica, fruto da inteligência humana, que nos parece mais elevada: aquela que nos confronta com Deus ou com o absoluto, com o infinito ou com o todo, com o sentido da vida ou a falta dele, com o tempo ou com a eternidade, com a oração ou o mistério. Temos a felicidade de ter na nossa Ordem homens de religiões reveladas diferentes, de escolas de pensamento diferentes, sem opção por nenhuma das religiões reveladas, sem se reconhecerem em nenhuma escola de pensamento, homens de profundo esoterismo e outros nem tanto.

Não temos, porém nenhum despojado da assunção da sua espiritualidade. O respeito por essas opções é a nossa riqueza, a base para a geração da harmonia. Isto exige uma reflexão profunda do que é a tolerância maçônica, sempre à Luz de um ideal maior que todas as religiões e escolas de pensamento. Porque a Maçonaria está num patamar diferente. Não se preocupa com a forma como cada um vive a sua espiritualidade nem ambiciona ter voto nessa matéria. A preocupação da Maçonaria é o Individuo e depois o Mundo, onde vivem os homens hoje e os de amanhã, a sua preocupação última é a vida dos homens na Terra, e não oferecer salvação ou condicionar a sua existência à salvação eterna. Para isso existem outras sedes, cujo sucesso e eficácia jamais se poderá questionar ou até medir. A espiritualidade que aqui tratamos remete-se para a relação do homem com o divino em vida, aqui na Terra e como essa relação pode condicionar as suas ações com vista ao cumprimento de um ideal ou Desígnio.

E como os seus obreiros são homens plenos em todas as suas dimensões, a Maçonaria não se demite de aprofundar a relação dos homens com o divino, lutando para que isso os una e jamais os divida, porque a Maçonaria quer libertar os homens dos grilhões profanos e levar esses mesmos homens a realizar a sua dimensão espiritual com total liberdade e no pleno respeito pelas crenças alheias. O que nos une será o sentir o Universo, o Todo, que nos contém e nos transporta a uma presença universal. Será possível uma espiritualidade universal? É minha convicção profunda que sim, mais do que uma espiritualidade clerical e redutora ou do que uma laicidade desprovida de espiritualidade!

Uma espiritualidade universal. Será uma "espiritualidade da imanência, mais do que da transcendência, da meditação mais do que da oração, da unidade mais do que do encontro, da lealdade mais do que da fé, do amor mais do que da esperança, e que será igualmente motivadora de uma mística, ou seja, de uma experiência da eternidade, da plenitude, da simplicidade, da unidade, do silêncio".

É a essa espiritualidade universal que ouso chamar Espiritualidade Maçônica. Mas antes de procurá-la definir, poderei por ventura afirmar que é apenas no trabalho maçônico que ela poderá ser verdadeiramente aprofundada. Não um conceito que se aprenda nos livros, tem de se sentir e de se viver, fruto de um percurso iniciático.

No entanto, a Maçonaria não revela nenhuma verdade superior nem dá respostas cabais às questões que atormentam a nossa dimensão espiritual. Pelo contrário, convida os IIr.'. a procurarem saber quem são, conhecerem-se a si mesmos, colocando-os na via dessa procura e dessa realização, situando-se aqui o verdadeiro significado da iniciação, o primeiro passo de um caminho a percorrer e o trabalho por fazer na construção do nosso templo interior.

Assim, a tolerância apresenta-se como uma das principais virtudes da Maçonaria e do maçom. Trata-se de uma atitude interior que repousa no respeito pela individualidade espiritual do candidato, pela liberdade de pensamento e pelo percurso intelectual e espiritual que cada maçom depois de iniciado escolhe para si. É neste pressuposto que assenta a minha afirmação de que a Espiritualidade Maçônica é uma Espiritualidade Livre: ao sugerir um caminho individual para a relação com o divino, constrói também um percurso libertador, é um processo livre. Para isso ser possível, precisa no seu seio de homens diferentes dos demais.

O nosso trabalho hoje ao escolher esses homens, é com a convicção plena de que podemos encontrá-los em qualquer lugar, podem ter estado ao nosso lado toda a vida, serem os nossos amigos de infância, em fim, até nosso familiar.

Fonte: com adaptações de http://www.polibusca.com.br/texto.aspx?idTxt=406