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sábado, 17 de junho de 2017

SÃO FÉLIX DA BOCA DO RIO: UMA HISTÓRIA DE MIGRANTES

Trabalho apresentado pelo Ir.’. Augusto Cézar Silva Costa, M.’. M.’. Cad. GLEPA 10728, por ocasião das comemorações do Jubileu de Prata alusivo aos 25 anos de Fundação da Loja Maçônica Estrela do Xingu nº. 69, ocorridas no dia 09 de junho de 2017, em São Félix do Xingu – PA.

Meu Venerável Mestre, estimado irmão Antônio Roberto; Iminente Grão-Mestre Adjunto Irmão Edílson Araújo; demais autoridades Maçônicas e Maçons presentes; cunhadas e sobrinhos DeMolay’s; estimados amigos que hoje visitam a nossa Estrela do Xingu! Coube a mim, Mestre Edílson Araújo, a nobre e prazerosa missão de contar brevemente e em poucos minutos a bela história do nosso São Félix da Boca do Rio, e como sempre bem diz nosso Orador Lázaro Basílio: “desta terra encravada na rama da PA279”. E não poderíamos começar de outro lugar, Prefeita Minervina, senão falando do nosso misterioso e ainda vivo e presente encontro das águas dos Rios Xingu e Fresco... de um lado o nosso Xingu de águas quentes e profundas, e com suas exuberantes paisagens naturais e lindas cachoeiras... do outro lado o nosso sofrido, e por esse mesmo motivo, forte e combativo Rio Fresco, das diversas espécies de peixes de água doce e de seu enorme potencial mineral... esse encontro, Senhores, trata-se de uma paisagem que felizmente ainda faz parte do nosso dia a dia, mas que está sob ameaça, pela ação insana, degradante e capitalista do homem branco, que insiste em explorar desordenadamente suas riquezas. Este mesmo cenário, meus amigos, traz a história de um povo de migrantes, que de luta em luta, ora fugindo ora resistindo, construiu sua história baseada em muito esforço, determinação e força de vontade. E o resultado desta brava história é o nosso hoje São Félix do Xingu. Xingu, Mestre Pascoal, nome indígena, que em sua etimologia retirada do Dicionário Tupi Guarani, nos revela uma grata surpresa: Xingu, meus amigos, significa a “Casa de Deus”. E é exatamente nesta “Casa de Deus” onde a grande maioria de nós aqui presentes, escolhemos para construir nossas famílias, constituir nossas empresas e empreendimentos e gerar e criar nossos queridos e amados filhos. São Félix do Xingu! Há poucas décadas ainda era uma pequena vila perdida nas selvas, lá onde o Rio Fresco encontra as águas verdes do majestoso Xingu, desconhecida do mundo e esquecida pelo Brasil, quando melancolicamente findou a tão badalada época áurea da exploração da borracha. São Félix do Xingu viveu nos últimos anos uma transformação jamais imaginada, e de braços e de coração abertos, recebe a todos nós forasteiros de outras terras. Com uma área de 84.212 km2 e aproximadamente 120 mil habitantes, distribuídos em 28 Vilas e 5 Distritos, ao longo de uma malha de cerca de 8.000 km de estradas vicinais, São Félix do Xingu é o segundo município mais distante da Capital, tendo que se percorrer por longos 1.147 km até Belém do Pará. Enveredando pelos fatos históricos, Senhores, e partindo do período colonial, antes da chegada do homem branco e até mesmo antes dos povos Kaiapós, viviam nesta região outras nações indígenas, como os Jurunas, os Araras, os Penas e os Xipaias. As primeiras penetrações de brancos na região do Xingu foram feitas pelos padres jesuítas, que estabeleceram várias aldeias ao longo das margens direita e esquerda do Rio Xingu, durante os séculos XVII e XVIII. Fora somente no final do século XIX que chegaram no Alto Xingu os primeiros exploradores de borracha, partindo de Altamira e vindo de barcos tocados a batelões, em viagens que demoravam aproximadamente 3 meses, pelo menos. Uma das primeiras expedições fora registrada em 1892, quando em um dia chuvoso de 1º de Novembro, um grupo de 22 nordestinos, Mestre Lineu, chefiados por Manoel Ferreira dos Anjos, chegaram até a praia de “Todos os Santos”, no Rio Fresco. A mola, meus amigos, que impulsionou a habitação na região foi a borracha, pelo grande poderio de extração às margens dos Rios Xingu e Fresco, pois o produto era de grande procura, em função do alto preço do mercado externo. No começo do século XIX, chegou na região do Xingu, na jusante do Rio Fresco, o Coronel da Guarda Nacional Tancredo Martins Jorge que, em pouco tempo, se tornou o patrão do comércio da borracha no alto Xingu, chegando a controlar sob o seu rígido comando aproximadamente 2.000 trabalhadores, que, durante o período do inverno, chegavam a carregar cerca de 40 embarcações mês, com capacidade de 10 a 15 toneladas, cada uma, de borracha. Em 1914 os seringalistas se estabeleceram na margem esquerda do Rio Xingu, na confluência com o Rio Fresco, e a localidade passou a ser conhecida pelo nome de São Félix da Boca do Rio, em uma referência ao Rio Fresco sendo embocado pelo Rio Xingu. Com a forte queda do preço da borracha ocorrida por volta de 1915 e anos seguintes, deu-se espaço a outras atividades, como a exploração de castanhado-brasil, tendo o seu comércio monopolizado pelo também capitão da guarda nacional, Basílio Alves de Lima, isso entre os anos de 1928 a 1940. Com o estouro da Segunda Guerra Mundial em 1939 e com o fechamento do comércio da borracha com os países da Ásia, novo ciclo da borracha se forma no Alto Xingu, sendo agora financiado por capital norte-americano e criando-se no Brasil o “Banco da Borracha”, hoje “Banco da Amazônia”; época em que o Governo brasileiro cria a campanha dos “SOLDADOS DA BORRACHA”, chegando no Xingu, gente de toda parte, sobretudo do nordeste e do sudeste, aumentando grandemente a população de nossa região. Com o fim da Segunda Grande Guerra e o novo declínio do comércio da borracha, surge o comércio de peles de animais, como onças, gatos, ariranhas e jacarés. Foi um tempo de excelentes negócios e que rendeu muito dinheiro, mas que restou-nos uma dívida enorme em função da devastação da fauna. Felizmente o comércio foi abolido legalmente em 1970, mas de forma clandestina perdura até os dias atuais. No começo dos anos 70 foram feitas várias pesquisas minerais na região do Xingu. Constatou-se aqui a presença de uma grande variedade de minérios como ouro, prata, chumbo, estanho, zinco, diamantes, ferro, manganês, cobre, níquel, wolframita e cassiterita. Nova corrida ao Xingu se forma: agora de garimpeiros a explorar principalmente o ouro e a cassiterita. Começa ai a poluição das nossas águas, sendo emblemático o caso do rio Fresco, antes caracterizado pelas águas cristalinas, hoje contaminado por grande quantidade de mercúrio e outros materiais pesados. Outro elemento que atraiu os investidores e nova investida foi a presença de uma grande quantidade de madeira de lei em todo o município, especialmente o mogno, chegando em terras xinguenses madeireiros de todas as partes do Brasil. Em meio a tantos e importantes acontecimentos não poderíamos deixar de destacar a inauguração da Igreja Matriz de São Félix do Xingu em 1938, que enaltece e embeleza a parte histórica de nossa cidade; a criação do município de São Félix do Xingu também é um importante marco, em 1961, através da Lei 2460 e com o desmembramento das terras do município de Altamira; nosso primeiro Prefeito nomeado foi Antônio Marques Ribeiro, conduzido ao cargo pelo então governador Aurélio do Carmo, que assinou a Lei, era também esposo da professora Deusina Ribeiro Coelho, que dá nome a uma das nossas principais escolas municipais; as primeiras eleições em 1962, que elegeram Francisco Sales Bessa e seu vice-prefeito Orzeu Jonas Guido também merece ser lembrada; outro marco de destaque é a inauguração da rodovia estadual PA-279, que liga Xinguara a São Félix do Xingu e que permitiu a ligação destas terras com o restante do território nacional, trazendo consigo um grande fluxo de pessoas para a região, permitindo assim à indústria madeireira e à agropecuária se firmar como o grande motor econômico do município. Nesse particular vale destacar, Mestre Pedro, recente pesquisa realizada pelo IBGE, divulgada em janeiro último, na qual coloca o município de São Félix do Xingu, Mauro Martins, como o maior produtor de bovinos do Brasil, com o impressionante número de 2.222.949 animais. Em 2011, Mestre Edilson... Mestre Pascoal, São Félix do Xingu participou ativamente da consulta plebiscitária que definiu sobre a divisão do Estado do Pará, obtendo votação expressiva acima de 90% de aprovação pela criação do estado do Carajás. Mesmo com a derrota na votação, o município continua, juntamente com a região, a pleitear a separação para criação do estado do Carajás. Nesse contexto histórico, em meio às oportunidades apresentadas ao homem médio ao longo dos anos e às mudanças sociais ocorridas através do desenvolvimento das pessoas e das atividades econômicas de cada época, surge, há 25 anos atrás, em 06 de junho de 1992, um grupo de homens, livres das amarras políticas e sociais da época, praticantes das boas condutas sociais, esperançosos por uma sociedade mais justa e igualitária, imbuídos do espírito de solidariedade e fraternidade, e capitaneados pelo nosso Pedro Rodrigues Vieira, instalaram a Augusta e Respeitável Loja Simbólica Estrela do Xingu nº 69. Foram momentos difíceis e ao mesmo tempo prazerosos, e hoje, nesta Cerimônia, lembrados por todos nós com muita alegria. Obrigado à Ordem Maçônica e à instituição Estrela do Xingu, por receber a todos nós maçons em seu ventre e nos chamar de filhos, ao passo em que a parabenizamos pelos seus 25 anos de belas histórias contadas. Roguemos ao G.’.A’.D.’.U.’., Mestre Reis, que permita vir o aniversário de 30... de 40... de 50 anos... e que em seu curso daqui até lá, passamos receber em nossas fileiras outros Pedrinho’s, outros Nilton’s, outros Araguaçu’s ou outros Silvino’s, e o mais importante, com as mesmas referências e as mesmas qualidades que os atuais 29 membros da Estrela do Xingu nº 69, as possuem. Viva São Félix do Xingu! Viva São Félix da Boca do Rio! Viva a Estrela do Xingu nº 69! E que venham os próximos 25 anos!

São Félix do Xingu – PA, 09 de junho de 2017.
Augusto Cézar Silva Costa M.’.M.’. Cad. GLEPA 10728 Loja Maçônica Estrela do Xingu nº 69

FONTES DE PESQUISA: Entrevistas direcionadas com munícipes, maçons, políticos e professores de São Félix do Xingu, 2017. https://cidades.ibge.gov.br/v4/brasil/pa/sao-felix-do-xingu/panorama. 07 de junho de 2017, 15:07h. https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_F%C3%A9lix_do_Xingu. 07 de junho de 2017, 14:35h. Nunes, Wilson. Memórias do Xingu / Wilson Nunes. Belém: Gráfica Universitária UFPa., 2006. Nunes, Wilson da Silva, 1929. Conversando com o Xingu / Wilson da Silva Nunes. Belém: Unigraf, 1998. Passos, José Davi. São Félix do Xingu: Uma história de vai e vem. 1938 – 1988: 50 anos. Paróquia São Félix do Xingu, 1988. Santana, Luiz Ferreira. São Félix do Xingu e sua História. 1889 – 1997. São Félix do Xingu, 1997.

JUBILEU DE PRATA DA LOJA MAÇÔNICA ESTRELA DO XINGU 69



O Grande Arquiteto do Universo permitiu que eu participasse ativamente no dia 21 de abril de 2010 dos 30 anos da Loja Maçônica Juscelino Kubitschek nº 15, jurisdicionada à Grande Loja do Distrito Federal. O feito foi comemorado com o lançamento de um selo comemorativo. Depois de sete anos a história se




repete. No dia 9 de junho de 2017 os Obreiros da Estrela do Xingu nº 69, jurisdicionada à Grande Loja do Pará, se reúnem para comemorar o 25º aniversário de fundação. Em noite de júbilo os maçons do Sul do
Pará abriram suas portas para receber a comunidade de São F
élix do Xingu, Tucumã e Ourilândia do Norte – todas, prósperas cidades interligadas pela PA 279, importante Rodovia do Estado do Pará. A ABFM – Associação Brasileira de Filatelia Maçônica em conjunto com os Correios lançaram dois selos comemorativos alusivos à data, e, assim entram para a história.O evento único no Estado Pará em uma só tacada colocou a Maçonaria Paraense

  e a Cidade de São Félix do Xingu no mapa filatélico nacional e internacional. O evento reuniu autoridades civis e maçônicas, além de proporcionar um belíssimo reencontro com os obreiros da Loja coirmã Obreiros da Paz nº 3943, federada ao Grande Oriente do Brasil; obreiros da Loja mãe Estrela de Tucumã nº 55; obreiros da nossa irmã gêmea Loja Força e União Ourilandense nº 68, fundada no mesmo dia 06.06.1992; além da prestimosa atuação dos jovens DeMolays do Capítulo Silvino Palma nº 910. Nossa festa tomou contornos bem especiais ao receber a MEDALHA DE APREÇO. Simplesmente maravilhoso. Meus agradecimentos aos irmãos xinguenses que muito me ajudaram a tornar possível essa justa homenagem. Meus agradecimentos às Damas da Fraternidade, em especial minha esposa Cristina Furtado dos Santos.Vida longa à maçonaria xinguense! Vida longa à maçonaria paraense! Vida longa à maçonaria brasileira! Vida longa aos maçons espalhados pela face da terra!
São Félix do Xingu – PA, 17 de junho de 2017.
JOSÉ ARAGUAÇU SARAIVA DOS SANTOS – Cad. 10.726

Mestre Maçom da Loja Maçônica Estrela do Xingu nº 69