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quinta-feira, 31 de julho de 2014

O ALTAR DO PERFUME


A Bíblia, ao tratar da fragrância exalada pelo incenso, diz que sua fumaça se levanta no altar do perfume: "Ora, exercendo Zacarias diante de Deus as funções de sacerdote, na ordem da sua classe, coube-lhe por sorte, segundo o costume em uso entre os sacerdotes, entrar no santuário do Senhor e aí oferecer o incenso. Todo o povo estava de fora, à hora da oferenda do incenso. Apareceu-lhe então um anjo do Senhor, em pé, à direita do altar do perfume" (Lc, 8,11). No altar do perfume, pela manhã e à noite se queimavam perfumes sagrados. E tais perfumes eram incensos, agradando os ambientes sagrados e fazendo da sua fumaça uma comunicação com o divino.
Em outras passagens bíblicas é possível se observar o exalar desse perfume, tanto em oblações (oferendas), como em outros sacrifícios e em ritualizações, com o incenso sendo queimado nas cerimônias de adoração a Deus, pois a sua fumaça perfumada subia aos céus para o agrado e reconhecimento do amor pela divindade dos povos na terra. Consubstanciava-se, no incenso, a pureza dos elementos e que era a própria purificação divina. "Entrando na casa viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra" (Mt, 2,11), "Azeite de lâmpada, bálsamo para o óleo de unção e para o incenso aromático" (Ex, 25,6),  “Farás também de madeira de acácia um altar para queimar incenso" (Ex, 30,1),  "Sobre ele Aarão queimará incenso aromático, todas as manhãs, ao preparar as lâmpadas" (Ex, 30,7),  "E ao por do sol, quando as acender. Assim será queimado o incenso diante do Senhor perpetuamente, por todas as gerações" (Ex, 30,8), "A mesa com todos os apetrechos, o candelabro com os utensílios, o altar do incenso" (Ex, 30,27), " O Senhor disse a Moisés: “Arranja essências aromáticas: resina, âmbar, gálbano aromático e incenso puro em partes iguais" (Ex, 30,34), " Prepararás um incenso perfumado, composto segundo a arte da perfumaria, bem dosado, puro e santo" (Ex, 30,35), " o altar do incenso e seus varais; o óleo de unção e o incenso aromático; a cortina da porta de entrada da morada" (Ex, 35,15), "E queimou sobre ele o incenso aromático, assim como o Senhor havia ordenado a Moisés" (Ex, 40,27), "Dela o sacerdote queimará como memorial uma parte dos grãos moídos e do azeite, além de todo o incenso. É uma oferta queimada para o Senhor" (Lev, 2,16). Tenho uma igreja em minha vida e todos os dias ritualizo minha fé também através da queima de incensos. Primeiro no altar da minha inabalável fé em Deus, que é no coração, e depois no altar onde tenho a minha Bíblia, o meu oratório antigo e os mistérios da crença que estão por ali espalhados. Num incensário bonito, verdadeiro turíbulo, novo, mas parecendo uma peça muito antiga representando uma torre, feito de metal de um amarelo envelhecido, com motivos bonitos, ornados à mão, faço a madeira de jasmim, mirra, sândalo, manjericão, madeira do oriente e outros aromas, entrar em combustão e quando a ponta está em brasa coloco dentro desse objeto litúrgico e recubro novamente, para em seguida ficar mirando por alguns instantes a fumaça que vai saindo pelas aberturas e se espalhando pelo ar para ir ao encontro de Deus, e dizer sempre da minha fé e do meu eterno amor. E como é bom ver e sentir aquela fumaça envolvendo o ambiente, criando uma força mística, dando um novo sentido ao espírito, fazendo respirar no perfume que se exala a paz, a leveza da alma e um misterioso encontro com mistérios divinos. Muitas vezes é como se viajasse pelos templos antigos e seus rituais, pelos corredores e salões dos monastérios e abadias, ao redor das pesadas mesas com religiosos escrevendo letra por letra a religiosidade do mundo, tendo sempre ao lado uma vela acesa e incensos queimando. O incenso, disposto diariamente no meu altar perfumado, não objetiva somente o meio para transportar no fumo que vai se alastrando os desejos, pensamentos, orações e mensagens para o mundo celestial, para relaxar, embriagar o espírito de paz, purificar o ambiente e a alma. Não. Vejo no ritual do incenso mistérios que aproximam da divindade, no seu perfume o contato com o divino e no ambiente purificado que se forma ao redor a igreja que tanto preciso para continuar manifestando minha fé em Deus.

http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/2273836

BISPOS DO PARÁ E PERNAMBUCO BRIGAM COM OS MAÇONS - A Origem do Conflito Igreja X Maçonaria

O cenário religioso na Província do Pará, na segunda metade do século XIX, estava envolto em vários acontecimentos, conflitos entre Igreja e Estado (o afloramento da chamada Questão Religiosa no Brasil), decorrente das ações ultramontanas de Dom Macedo Costa e suas críticas às crenças que estavam se firmando entre os populares.

O conflito que opõe a Igreja Católica e o governo brasileiro entre 1870 e 1875 é causado pelo choque entre a hierarquia católica e a maçonaria, muito influente no Império. Esta sociedade secreta, ligada a ideias e movimentos políticos liberais na Inglaterra e na França, chega ao Brasil no final do século XVIII. Durante o processo da independência e no decorrer do Império aumenta seu prestígio social e sua presença na estrutura de poder. As maiores figuras do regime, com raras exceções, pertencem aos seus quadros. No dia a dia do governo e nas decisões administrativas como nomeação de funcionários ou destinação de recursos orçamentários, a maçonaria é um canal de influência e de mediação, paralelo e por vezes superior aos partidos políticos.

Essa atuação da maçonaria colide com a atuação da Igreja Católica, também muito influente no período imperial.

Em 1871, o Vaticano impõe regras rígidas de doutrina e de culto e condena as sociedades secretas. Os bispos brasileiros, acatando as novas diretrizes, determinam a expulsão dos maçons das irmandades católicas e passam a exigir mais disciplina moral e canônica do clero.

O conflito: Se a maçonaria tem poder político, a Igreja tem autoridade e presença religiosa, fortalecidas pela condição privilegiada do catolicismo como religião oficial do império.

O conflito começa em 1872, quando o padre Almeida Martins é suspenso de suas funções no Rio de Janeiro por causa de um discurso em uma loja maçônica. A reação da maçonaria, condenando a decisão, espalha-se pelo país.

Mas, logo em seguida, os bispos de Olinda e de Belém do Pará, dom Vital e dom Macedo Costa, tomam atitudes semelhantes.

Dom Vital de Oliveira tornou-se bispo da diocese de Pernambuco em 1871, por decreto imperial. Chegou ao Recife no dia 22 de maio de 1872. Em dezembro daquele ano, encontrou um ambiente hostil e grande parte do clero filiada à maçonaria. Advertiu seus párocos e fiéis sobre a influência maçônica e lançou carta circular solicitando às irmandades religiosas a convencerem os maçons a abandonarem a maçonaria ou as irmandades.

O governo imperial intimou dom Vital a voltar atrás em seus atos e a anular a interdição de duas capelas de irmandades, fechadas por desobediência aos seus pedidos em relação à maçonaria.

Nessa luta, ele teve como único aliado o bispo do Pará, Dom Macedo Costa. A ação dos dois, apoiada pelo papa Pio IX, deu origem à chamada "questão religiosa", um conflito entre a maçonaria e os bispos, entre a Igreja e o Estado.

Os bispos são então processados pela justiça, convocados ao Rio de Janeiro e condenados a quatro anos de prisão. Depois da suspensão das punições eclesiásticas aplicadas aos maçons, a pena dos bispos é reduzida e eles são anistiados.

Esse conflito abala as relações entre o Império e a Igreja e contribui para enfraquecer ainda mais a Monarquia. A partir da proclamação da República, em 1889, passa a vigorar a separação entre Igreja e Estado, que deixa de ter uma religião oficial.

JOSÉ ARAGUAÇU – M.`. M.`. – ARLS Estrela do Xingu nº. 69.