Visitas

Flag Counter

quinta-feira, 31 de julho de 2014

BISPOS DO PARÁ E PERNAMBUCO BRIGAM COM OS MAÇONS - A Origem do Conflito Igreja X Maçonaria

O cenário religioso na Província do Pará, na segunda metade do século XIX, estava envolto em vários acontecimentos, conflitos entre Igreja e Estado (o afloramento da chamada Questão Religiosa no Brasil), decorrente das ações ultramontanas de Dom Macedo Costa e suas críticas às crenças que estavam se firmando entre os populares.

O conflito que opõe a Igreja Católica e o governo brasileiro entre 1870 e 1875 é causado pelo choque entre a hierarquia católica e a maçonaria, muito influente no Império. Esta sociedade secreta, ligada a ideias e movimentos políticos liberais na Inglaterra e na França, chega ao Brasil no final do século XVIII. Durante o processo da independência e no decorrer do Império aumenta seu prestígio social e sua presença na estrutura de poder. As maiores figuras do regime, com raras exceções, pertencem aos seus quadros. No dia a dia do governo e nas decisões administrativas como nomeação de funcionários ou destinação de recursos orçamentários, a maçonaria é um canal de influência e de mediação, paralelo e por vezes superior aos partidos políticos.

Essa atuação da maçonaria colide com a atuação da Igreja Católica, também muito influente no período imperial.

Em 1871, o Vaticano impõe regras rígidas de doutrina e de culto e condena as sociedades secretas. Os bispos brasileiros, acatando as novas diretrizes, determinam a expulsão dos maçons das irmandades católicas e passam a exigir mais disciplina moral e canônica do clero.

O conflito: Se a maçonaria tem poder político, a Igreja tem autoridade e presença religiosa, fortalecidas pela condição privilegiada do catolicismo como religião oficial do império.

O conflito começa em 1872, quando o padre Almeida Martins é suspenso de suas funções no Rio de Janeiro por causa de um discurso em uma loja maçônica. A reação da maçonaria, condenando a decisão, espalha-se pelo país.

Mas, logo em seguida, os bispos de Olinda e de Belém do Pará, dom Vital e dom Macedo Costa, tomam atitudes semelhantes.

Dom Vital de Oliveira tornou-se bispo da diocese de Pernambuco em 1871, por decreto imperial. Chegou ao Recife no dia 22 de maio de 1872. Em dezembro daquele ano, encontrou um ambiente hostil e grande parte do clero filiada à maçonaria. Advertiu seus párocos e fiéis sobre a influência maçônica e lançou carta circular solicitando às irmandades religiosas a convencerem os maçons a abandonarem a maçonaria ou as irmandades.

O governo imperial intimou dom Vital a voltar atrás em seus atos e a anular a interdição de duas capelas de irmandades, fechadas por desobediência aos seus pedidos em relação à maçonaria.

Nessa luta, ele teve como único aliado o bispo do Pará, Dom Macedo Costa. A ação dos dois, apoiada pelo papa Pio IX, deu origem à chamada "questão religiosa", um conflito entre a maçonaria e os bispos, entre a Igreja e o Estado.

Os bispos são então processados pela justiça, convocados ao Rio de Janeiro e condenados a quatro anos de prisão. Depois da suspensão das punições eclesiásticas aplicadas aos maçons, a pena dos bispos é reduzida e eles são anistiados.

Esse conflito abala as relações entre o Império e a Igreja e contribui para enfraquecer ainda mais a Monarquia. A partir da proclamação da República, em 1889, passa a vigorar a separação entre Igreja e Estado, que deixa de ter uma religião oficial.

JOSÉ ARAGUAÇU – M.`. M.`. – ARLS Estrela do Xingu nº. 69.





Nenhum comentário:

Postar um comentário