No ano de 1815
estudantes brasileiros retornados da Universidade de Coimbra (Portugal), onde
haviam sido iniciados maçons, engajavam-se decididamente na luta política pela
independência das províncias ultramarinas de Portugal na América do Sul, que
constituíam àquela altura o Reino do Brasil, com Capital na cidade do Rio de
Janeiro. Desde 1808 achava-se abrigada nessa cidade a família real de Portugal,
fugida da Europa face à invasão de Napoleão Bonaparte.
Algumas Lojas
Maçônicas haviam sido criadas em território brasileiro pelo menos desde 1797,
mas para nós interessa o registro da fundação, em novembro de 1815, da Loja
“Comércio e Artes”, fundada por maçons decididamente engajados no propósito de
promover a independência política das províncias brasileiras. Tendo em vista o
Alvará Régio de 30 de março de 1818, que proibia o funcionamento no Brasil de
sociedades secretas, esta Loja foi fechada e todos os seus livros queimados,
conforme ficou registrado na “ata da sessão de reinstalação”. Esta reinstalação
ou reerguimento de colunas foi realizada em 24 de junho de 1821, constando da
ata que a Loja passaria a adotar o título distintivo de “Comércio e Artes na
Idade do Ouro”.
Esta Loja “Comércio
e Artes na Idade do Ouro” é a origem do Grande Oriente do Brasil, pois em
sessão de 17 de junho de 1822 resolveu criar mais duas Lojas — a “Esperança de
Niterói” e a “União e Tranquilidade”, pelo desdobramento de seu quadro (por
sorteio) e a partir dessas três Lojas Metropolitanas formar o Grande Oriente.
Dentre os componentes da Loja destacam-se as figuras de Joaquim Gonçalves Ledo
e o padre-mestre Januário da Cunha Barbosa, dois ativistas do processo de
independência política do Brasil.
José Bonifácio de
Andrada e Silva, “O Patriarca da Independência”, foi aclamado primeiro
Grão-Mestre do Grande Oriente, tendo Joaquim Gonçalves Ledo como 1º Grande
Vigilante e Januário da Cunha Barbosa como Grande Orador.
O objetivo
primordial da criação do Grande Oriente foi engajar a Maçonaria, como
Instituição, na luta pela independência política do Brasil e tal determinação
consta de forma explícita nas atas das primeiras reuniões da Obediência então
criada, que só admitia a iniciação ou filiação em suas Lojas de pessoas que se
comprometessem com o ideal de independência do Brasil.
Em junho de 1822 a
família real portuguesa já havia voltado a Lisboa (Portugal) por exigência das
Cortes (Parlamento português) deixando aqui como Príncipe Regente Dom Pedro de
Alcântara, filho de Dom João VI, rei de Portugal.
O príncipe Dom
Pedro, jovem e voluntarioso, viu-se envolvido de todos os lados por maçons, que
constituíam a elite pensante e econômica da época. Por proposta do Grão-Mestre
José Bonifácio foi o príncipe iniciado em assembleia geral do Grande Oriente no
dia 2 de agosto de 1822, adotando o “nome heroico” de “Guatimozim” (nome do
último imperador azteca morto por Cortez, no México, em 1522). Dom Pedro ficou
fazendo parte do quadro da Loja “Comércio e Artes” e na sessão seguinte do
Grande Oriente, realizada em 5 de agosto, por proposta de Joaquim Gonçalves
Ledo que ocupava a presidência, foi o príncipe proposto e aprovado para o grau
de Mestre Maçom.
Numa jogada
política, Gonçalves Ledo fez com que Dom Pedro fosse “eleito” Grão-Mestre do
Grande Oriente o lugar de José Bonifácio, sendo empossado em 4 de outubro de
1822.
Embora quase todas
as pessoas influentes junto a Dom Pedro fossem maçons e membros do Grande
Oriente, única Obediência Maçônica então existente, a rivalidade política entre
eles era bastante grande e a disputa pelo poder provocou sérias lutas. A
independência do Brasil foi proclamada por Dom Pedro a 7 de setembro de 1822,
assumido ele a condição de imperador, com o título de Dom Pedro I. Um mês e
meio depois, exatamente no dia 21 de outubro, determinava ele - “primo como Imperador,
secundo como G. M.” — o fechamento “temporário” do Grande Oriente, que acabou
se mantendo em vigor durante todo seu reinado - que terminou com a abdicação ao
trono em 7 de abril de 1831 e sua ida a Portugal para retomar o trono português
em poder de seu irmão dom Miguel, o que ele conseguiu, sendo coroado Dom Pedro
IV de Portugal.
Já em 1830 os
maçons do Rio de Janeiro procuravam reencetar os trabalhos que estavam
praticamente parados, tendo fundado um novo Grande Oriente, que viria a ser
instalado em 24 de junho de 1831, com o nome de Grande Oriente Brasileiro, e
que viria a ficar conhecido sob o nome de Grande Oriente do Passeio (nome da
rua onde tinha sede). Em outubro de 1831 um grupo de maçons remanescentes do
primitivo Grande Oriente reinstalou os quadros das três Lojas Metropolitanas
primitivas e escolheu o primeiro Grão-Mestre, José Bonifácio, para assumir o
comando, sendo o Grande Oriente reinstalado em 23 de novembro de 1831. Em consequência,
durante 30 anos funcionaram no Rio de Janeiro dois Grandes Orientes, até que em
1861 o Grande Oriente do Passeio deixou de existir, sendo suas Lojas absorvidas
pelo Grande Oriente do Brasil.
O Grande Oriente do
Brasil sofreu diversas cisões durante sua vida, a maioria delas consequência de
disputas nas eleições para o Grão-Mestrado Geral. Todas as dissidências havidas
até 1927 acabaram sendo reabsorvidas ao longo do tempo, com a reincorporação
das Lojas e Obreiros à Obediência do Grande Oriente do Brasil.
Fonte: http://maconariaapodi.blogspot.com.br/2007/06/um-pouco-de-histria-da-maonaria-no.html
JOSÉ ARAGUAÇU - MM da ARLS ESTRELA DO XINGU 69 - Jurisdicionada à Grande Loja do Estado do Pará.
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