Qual
maçom nunca foi questionado por um profano do porquê do termo “LOJA”? Muitos são
aqueles que perguntam se vendemos alguma coisa nas Lojas, para justificar o
nome.
Alguns,
fanáticos e ignorantes, chegam a ponto de indagar que é na Loja que os maçons vendem
suas almas Em primeiro lugar, precisamos ter em mente que, só porque “loja”, em
português, denomina um estabelecimento comercial, isso não significa que o
mesmo termo em outras línguas tem o mesmo significado. V e j a m o s: “Loge”,
palavra francesa, pode se referir à casa de um caseiro ou porteiro, um
estábulo, ou mesmo o camarote de um teatro. Mas os termos franceses para um
estabelecimento comercial são “magasin”, “boutique” ou “commerce”.
Da mesma forma, o termo usado na língua inglesa, “lodge”, significa
cabana, casa rústica, alojamento de funcionários ou a casa de um caseiro,
porteiro ou outro funcionário. Os termos mais apropriados para um
estabelecimento comercial em inglês são “store” ou “shop”. Já o
termo italiano “loggia” significa cabana, pequeno cômodo, tenda, mas
também pode designar galeria de arte ou mesmo varanda. Os termos corretos para
um estabelecimento comercial são “magazzino”, “bottega” ou “negozio”.
Em espanhol, “logia”, derivada do termo italiano “loggia”,
denomina alpendre ou quarto de repouso. As palavras mais adequadas para
estabelecimento comercial são “tienda” e “comercio”.
Por
último, podemos pegar o exemplo alemão, “loge”, que não tem apenas a grafia
em comum com o francês, mas também o significado: um pequeno cômodo mobiliado
para porteiro ou caseiro, ou um camarote. Já os melhores termos para
estabelecimento comercial em alemão são “kaufhaus”, “geschaft” ou
“laden”. Com base nesses termos, que denominam as Lojas Maçônicas nas
línguas francesa, italiana, espanhola, alemã e inglesa, pode-se compreender que
as expressões referem-se a uma edificação rústica utilizada para alojar
trabalhadores, e não a um estabelecimento comercial. Verifica-se então uma
relação direta com a Maçonaria Operativa, em que os pedreiros costumavam e até
hoje costumam construir estruturas rústicas dentro do canteiro de obras, onde
eles guardam suas ferramentas e fazem seus descansos. Essas simples edificações
que abrigam os pedreiros e suas ferramentas nas construções são chamadas de “loge,
lodge, loggia, logia” nos países de língua francesa, alemã, inglesa, italiana
e espanhola. A palavra na língua portuguesa que mais se aproxima desse significado
não seria “loja” e sim “alojamento”.
Nossas
Lojas Maçônicas são exatamente isso: alojamentos simbólicos de construtores especulativos.
Isso fica evidente ao se estudar a história da Maçonaria em muitos países de língua
espanhola, que algumas vezes utilizavam os termos “Alojamiento” em substituição
à “Logia”, o que denuncia que ambas as palavras têm o mesmo significado.
À luz dos significados dos termos que designam as Lojas Maçônicas em outras
línguas, podemos observar que a teoria amplamente divulgada no Brasil de que o
uso da palavra “Loja” é herança das lojas onde os artesãos vendiam o “handcraft”,
ou seja, o fruto de seu trabalho manual, além de simplista, é furado. Se fosse
assim, os termos utilizados nas outras línguas citadas teriam significado
similar ao de estabelecimento comercial, se seria usado em substituição às
outras palavras que servem a esse fim.
Na
próxima vez que você passar em frente a um canteiro de obras e ver à margem
aquela estrutura simples de madeira compensada ou placas de zinco, cheia de trolhas,
níveis, prumos e outros utensílios em seu interior, muitas vezes equipada
também com um colchão para o pedreiro descansar à noite, lembre-se que essa
estrutura é a versão atual daquelas que abrigaram nossos antepassados, os
maçons operativos, e que serviram de base para nossas Lojas Simbólicas de hoje.
IR. · .NEILTON G. RIBEIRO.
O R . · .
U B E R A B A - M G .
JORNAL do APRENDIZ - EDIÇÃO DE OUTUBRO 2012
ANO IV Nº 40: PRODUZIDO PELA ARLS
AMPARO DA VIRTUDE, 0276



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