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terça-feira, 16 de setembro de 2014

MAÇONARIA E O APRENDIZ MAÇOM

I         -         A PEDRA BRUTA
À direita e à esquerda do “Quadro do Aprendiz” figuram uma Pedra Bruta e uma Pedra Cúbica. Se certos símbolos maçônicos provocaram poucos comentários, a Pedra bruta e a Pedra cúbica não estão nesse caso. Aqui as dissertações abundam e os cursos de moral se inflam, transformando-se em rios. A Pedra Bruta simboliza as imperfeições do espírito e do coração que o Maçom deve se esforçar por corrigir. A Pedra bruta, com efeito, pode ser considerada como o símbolo da Liberdade, e a Pedra talhada como o símbolo da Escravidão. Vemos o profano apresentar-se à porta do Templo e pedir Luz. Uma Loja, justa e perfeita, proporciona-lhe essa Luz e, ao mesmo tempo, liberta-o iniciaticamente da servidão. Livre, o neófito simbolizará sua liberdade por uma “pedra bruta”, com a qual se identificará. E a Pedra talhada, terminada, composta de todos os preconceitos, de todas as paixões, de toda intransigência das fórmulas absolutas, aceitas sem controle como expressão de uma verdade inexpugnável e única, fazem do homem o escravo de seu meio. Sim, o Aprendiz, pela Iniciação maçônica, que é um novo nascimento, reencontra o estado da natureza; ele se liberta de tudo o que ela lhe tirou de espontâneo e de bom. (No hermetismo, a pedra bruta simboliza a primeira matéria, a “matéria-prima” que servirá para a elaboração da “Pedra Filosofal”. – Hermetismo – Doutrina esotérica que tira o seu nome de Hermes Trismegisto e que os primitivos gregos teriam ensinado aos iniciados). Ele reencontra a “Liberdade de Pensamento”, e, com os “Instrumentos” que lhe são fornecidos, desbastará ele próprio a “sua pedra” e conseguirá torná-la perfeita, imprimindo-lhe um caráter de personalidade que será seu e único. Na Maçonaria, contrariamente ao que ocorre na maioria dos outros agrupamentos humanos, cada Irmão conserva sua inteira liberdade; ele não pode nem deve receber nenhuma palavra de ordem suscetível de influenciar seus atos.
II        -         TRATAMENTO FRATERNO
O tratamento fraterno de “irmão” é geralmente adotado pelos Maçons. Eventualmente se emprega o “você” (tratamento íntimo entre iguais). O tratamento cerimonioso do mundo profano levanta uma barreira entre os homens e também entre os irmãos. Tratar como “irmão” garante a igualdade de todos e permite o nascimento de um verdadeiro sentimento de união. Se uma pessoa julgou-se digna de ser recebida como Franco-Maçom, ela é igualmente digna de ser colocada em pé de igualdade com todos os seus irmãos. Se ela se mostra indigna dessa familiaridade, é igualmente indigna de permanecer na Loja. Aquele que se nega a ser chamado de irmão ou você dá provas de uma vaidade deveras deslocada em nosso meio. Para a Maçonaria o maior será sempre aquele que mais disposto estiver a servir, o que mais se dedique ao bem comum.
III       -         AS COLUNAS DO TEMPLO
Profanamente dir-se-ia que coluna é um elemento de sustentação de uma construção. É um elemento importante da obra, pois que possibilita suportar ou equilibrar o peso de uma construção. Na obra pode também ter a função decorativa. Na regra geral significa apoio, sustentação, robustez. A coluna arquitetônica tem sua origem na Grécia Antiga. De outra forma podemos definir coluna como sendo o elemento arquitetônico destinado a receber as cargas verticais de uma obra de arquitetura (arco, arquitrave, abóbada) transmitindo-as à fundação. Embora tenha a mesma função de um pilar, este é geralmente mais robusto e de secção quadrada. A coluna tem normalmente forma cilíndrica, podendo também ser poligonal.
A coluna costuma ser caracterizada por uma estrutura mais esbelta e esguia, em prumo, o que lhe acarreta um significado histórico, decorativo e simbólico mais acentuado. Os materiais de construção podem variar entre a pedra, alvenaria, madeira, metal ou mesmo tijolo atingindo-se uma grande variedade formal e decorativa que se pode observar desde a antiguidade. A arquitetura moderna admite cinco ordens de colunas. Os antigos só tinham três: dórica, jônica e coríntia. A coluna dórica tem as proporções da força e da beleza do corpo do homem; a jônica tem a graça da mulher, sendo mais esbelta porque é um pouco mais alta; a coríntia tem as proporções mais delicadas e lembra uma donzela. Na Maçonaria o termo coluna é utilizado para designar o conjunto de obreiros de uma Loja. Em sentido figurado, significa os recursos físicos, financeiros, morais e humanos que mantém uma instituição maçônica em pleno funcionamento. Em maçonaria a palavra coluna possui derivações variadas, sendo as principais: Coluna JÔNICA: Ela simboliza a coluna da sabedoria personificada pelo Venerável. Simboliza também o Oriente e os Mestres. Fica localizada no oriente sobre a prancheta do Venerável. A coluna Jônica representa os Mestres de uma loja. Coluna DÓRICA: Simboliza a coluna da força e se personifica no 1º Vigilante. É a coluna que representa os Irmãos Aprendizes. É localizada sobre a mesa do 1º vigilante. Coluna CORÍNTIA: Simboliza a coluna da beleza. Personifica-se no 2º vigilante. É a coluna que representa os Irmãos Companheiros. Em loja fica localizada sobre a mesa do 2º vigilante. No templo podemos visualizar as seguintes colunas: Coluna B: - (coluna do Norte) É uma das colunas que guarnecia a entrada do templo de Salomão. Na expressão hebraica "booz", representando força. Simbolicamente é o local onde os Irmãos Aprendizes recebem seu salário, isto é, o centro de irradiação dos mistérios do grau, ou seja, é sob o abrigo desta coluna que os aprendizes recebem as instruções necessárias e aprendem a polir a pedra bruta. Em Loja, a coluna fica localizada no ocidente ao norte. A coluna é dirigida pelo 1º vigilante. Coluna J: (coluna do Sul) Também é uma das colunas que guarnecia a entrada do templo de Salomão. Significa segundo texto bíblico: Jeová se estabelecerá. As colunas B e J são também denominadas de colunas de Entrada. São as colunas que fortalecem a porta do templo. São encimadas por romãs entreabertas, ou por dois globos: um representando a terra e outro representando a esfera celeste, fazendo representar que a maçonaria é universal. As colunas B e J são também conhecidas por colunas solsticiais. São assim denominadas porque a coluna J situa-se ao sul e marca o solstício de verão e a coluna B, ao norte, o solstício do inverno. Na Maçonaria ouviremos ainda os seguintes termos, dentre outros: Coluna da Harmonia: Ela representa o conjunto de obreiros que concorrem para o brilhantismo dos rituais e festejos maçônicos. Coluna Gravada: Por coluna gravada entende-se toda proposição escrita e encaminhada ao Venerável e recolhidas pelo Irmão Mestre de cerimônia, por intermédio da bolsa de propostas e informações. Coluna Zodiacal: É a denominação dada ao conjunto de doze colunas, sendo seis situadas próximas a parede do norte e seis próximas à do sul. Em princípio, são as colunas que dão sustentação a abóbada do templo. Cada uma leva um emblema indicativo de uma constelação do zodíaco. Simbolicamente sustenta a calota celeste e representa cada uma um mês do ano maçônico. 
IV       -         CONCLUSÃO
Após sua iniciação, todo maçom deve construir simbolicamente colunas para ajudar na sustentação de seu templo maçônico e também do universal. Uma das características encontradas em quem realiza obras é a capacidade de visualizar suas fraquezas e esforço de eliminá-las. O Iniciado ao perceber a sua própria vulnerabilidade não deve se sentir rebaixado ou incompetente. Pelo contrário: luta e contribui com decisão na obtenção de bons resultados, tanto para ele quanto para o meio em que vive, refletindo diretamente no seu ambiente de trabalho. Cabe ao maçom o dever de ser coluna junto a sua família, no seu trabalho e especialmente junto à sociedade, dando exemplo de honestidade, de tolerância, de bom senso, de prática da justiça, de fé e união. O Iniciado precisa ser persistente em seus sonhos, manter o entusiasmo e firmar em si uma crença pessoal absoluta, visto que lhes é ensinado a confiar em suas habilidades, a polir a pedra bruta para fazer as situações acontecerem e perceber que são as suas ações que sustentam, além da família, toda uma coletividade. Ele aprende a interpretar aquilo que simbolicamente representam as colunas maçônicas atuando não apenas num trabalho isolado, mas sim, com o envolvimento de outros irmãos, com muito trabalho, esforço incessante, firmeza de propósitos, competência e planejamento. O maçom precisa construir no ambiente em que vive e junto à sociedade, colunas Dóricas (fortes) seguidas de colunas Coríntias (da beleza) e por fim de colunas Jônicas (da sabedoria), para possibilitar a construção de uma sociedade que lute com coragem pela igualdade, fraternidade e justiça social, bem como, livre de toda e qualquer opressão. O Iniciado necessita fortalecer seu caráter utilizando-se dos bons exemplos, das instruções recebidas dos irmãos, praticando boas atitudes, enfim, polindo a pedra bruta para que a mesma tenha lugar certo na construção da coluna que sustentará também seu templo individual. Coloquemos o Grande Arquiteto do Universo em nossas vidas, em nossas Lojas e não apenas em nossas palavras. Não recusemos a prece e o estudo. Pratiquemos todo o bem de que sejamos capazes. É preciso dedicação e estudo. Conhecimento e exercício. Sem exercitarmos o que parece termos aprendido jamais aprenderemos. Somos igualmente iniciados para construir o Reino do Grande Arquiteto do Universo, a principiar de nós mesmos. Trabalhemos por mais luz no nosso próprio caminho.

JOSÉ ARAGUAÇU – M.`. M.`. ARLS ESTRELA DO XINGU 69


terça-feira, 9 de setembro de 2014

VIVA A INDEPENDÊNCIA MORAL DO BRASIL

É fato histórico que a Ordem Maçônica em muito contribuiu para a efetiva emancipação político-social do Brasil. Nós, maçons, devemos sempre prestar homenagens aos nossos irmãos responsáveis pelas ideias e ideais que lançaram os raios da Luz da Verdade por sobre nossa Nação, elevando nosso País à qualidade soberano perante as demais nações do globo terrestre. Existe entre nós um laço sagrado, um sentimento da união fraternal. Este sentimento nos move e nos une a cada Reunião que realizamos e nos faz permanecer uníssono num só sentimento de fraternidade, verdadeiro imorredouro abraço. Homens de bons propósitos, perseguindo incansavelmente, a perfeição. Homens preocupados em ser, em transcender, num preito a espiritualidade e a crença no que é bom e no que é justo. Pregamos o dever e o trabalho. Dedicamo-nos à família acima de tudo, célula mater da sociedade e, por conseguinte, da nossa pátria e da humanidade. Dedicamo-nos ao bem estar da sociedade, pois temos por finalidade precípua ver feliz a humanidade: pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade, pela solidariedade e pelo respeito à autoridade e à crença de cada um. Somos incansáveis na defesa da pátria. Rendemos culto a Deus, a quem chamamos, em respeito a todas as religiões, de Grande Arquiteto do Universo. Em todo o mundo as sociedades maçônicas sempre se organizaram para beneficiar sua nação e seu povo e no Brasil não poderia ser diferente. No início do século XVIII, com o desenvolvimento econômico e intelectual da colônia, alguns grupos pensaram na independência política do Brasil, de forma que os brasileiros pudessem decidir sobre seu próprio destino. Ocorreram, então, a Inconfidência Mineira (1789) que marcou a história pela têmpera de seus seguidores; depois a Conjuração Baiana (1798) e a Revolução Pernambucana (1817), todas elas duramente reprimidas pelas autoridades portuguesas. Em todos estes movimentos a Maçonaria se fez presente através das Lojas Maçônicas e Sociedades Secretas já existentes. Embora tenha, a Maçonaria brasileira, se iniciado em 1787, com a Loja Cavaleiros da Luz, criada na povoação da Barra, em Salvador, Bahia, só em 1822, quando a campanha pela independência do Brasil se tornava mais intensa, é que iria ser criada sua primeira Potência, com jurisdição nacional, exatamente com a incumbência do levar a cabo o processo de emancipação do país. Nessa época, funcionava no Rio de Janeiro, a Loja Maçônica “Comércio e Artes”, da qual eram membros vários homens ilustres da corte como o Cônego Januário da Cunha Barbosa, Joaquim Gonçalves Ledo e José Clemente Pereira entre outros. O Brigadeiro Domingos Alves Branco Muniz Barreto, em uma Sessão da Loja “Comércio e Artes”, propôs que se conferisse ao Príncipe D. Pedro I, o título de “Protetor e Defensor Perpétuo do Brasil”. D. Pedro aceitou o título, propondo apenas a supressão do termo “Protetor”. Os maçons, habilmente, arquitetaram o desenrolar do 7 de setembro de 1822, lançando a ideia da convocação de uma Constituinte. Gonçalves Ledo e Januário Barbosa redigiram o projeto e, no dia 3 de junho, foi publicado o Decreto convocando a Assembleia Geral Constituinte e Legislativa. A proposta de admissão do Príncipe na Ordem, a 13 de julho de 1822, foi aprovada e a 2 de agosto, D. Pedro era iniciado na Loja “Comércio e Artes”, recebendo o nome de “Guatimozim”. Na tarde de 7 de setembro de 1822, às margens do Ipiranga, D. Pedro atendeu às recomendações da Maçonaria e o grito, “Independência ou Morte” segundo Adelino de Figueiredo Lima, era a denominação de uma das “palestras” da sociedade secreta “Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz”, fundada por José Bonifácio. Hoje a nossa luta não é mais pela independência da nossa Nação. Hoje, estamos unidos na defesa intransigente da ética e da moral, propugnando sempre pelo engrandecimento moral de nosso País. Estamos sempre envolvidos em movimentos que priorizem, notadamente, as políticas em prol da educação, do combate ao uso de drogas, na proteção ao meio ambiente através de políticas que garantam a sua preservação, a qualidade de vida da população e ao mesmo tempo possibilite o desenvolvimento sustentável, que garantam a liberdade de imprensa, como alicerce do Estado democrático de direito, o exercício do voto consciente, afastando do cenário político candidatos não comprometidos com o decoro necessário ao desempenho da função pública, enfim onde houver uma causa justa a Maçonaria se fará presente. Estamos sempre buscando estabelecer parcerias com o Governo e com a sociedade organizada para o atingimento de nossos objetivos. Nós, maçons, estaremos sempre prontos a servir ao nosso Brasil na luta contra toda forma de desigualdade e injustiça. Seremos guerreiros destemidos e incansáveis contra nefasta propagação do germe da corrupção no território pátrio, como se fosse epidemia, contaminando e destruindo os princípios morais e básicos da civilidade, afetando a todos, inclusive comprometendo as futuras gerações. Se o Grande Arquiteto do Universo nos permitir, poderemos bradar em alto e bom tom: VIVA A INDEPENDÊNCIA MORAL DO BRASIL. Sabemos quem somos e para onde vamos!

Juscelino Moraes do Amaral
Grão Mestre da Glomaron (Grande Loja Maçônica do Estado de Rondônia)

Fonte: http://www.gentedeopiniao.com/lerConteudo.php?news=84746

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A condição para ingressar na Maçonaria

A seleção do candidato obedece a alguns requisitos, devendo ser uma pessoa que faz parte da sociedade, simples, honesta, crendo em Deus e numa vida futura e que tenha inclinação para o “agrupamento” e com recursos financeiros para atender os compromissos da Instituição. No entanto, existem mais duas condições essenciais: “ser livre e de bons costumes”. Hoje, pelo menos entre nós, o conceito de liberdade passa a ser simples, e o de bons costumes, diz respeito a um comportamento normal. Contudo, essa “simplicidade”, apresenta aspectos relevantes que para o Maçom, são essenciais. No passado, e não muito distante, o escravo não podia fazer parte da Ordem Maçônica e, por esse motivo, o conceito de “liberdade” revestia-se de simplicidade: bastava não ser escravo. Abolida a escravidão, esse conceito simples foi revisto, surgindo, então a parte esotérica. A escravidão trouxe sequelas amargas e mesmo depois da abolição da escravatura, no Brasil, o antigo escravo, agora livre, continuava “negro” e marginalizado, sujeito ao mais odioso preconceito; e fazendo parte desse preconceito, o negro não era recebido na Maçonaria. Nas últimas décadas, no Brasil, esse preconceito foi superado; hoje, os homens de “cor” têm ingresso na Ordem e fazem parte da Arte Real; lamentavelmente, nos Estados Unidos da América do Norte, a Maçonaria negra é uma Instituição à parte; não há confraternização e cada “cor” tem as suas Lojas exclusivas e os seus Corpos Filosóficos “fechados”; apenas são toleradas as “visitas” chegadas de outros países. Assim, não podemos entender que a “liberdade” possa ser, exclusivamente, o direito de alguém ser livre, um cidadão com as mesmas garantias constitucionais dos demais. No Brasil, todos os cidadãos são livres. Em consequência, a “condição” do candidato de ser “livre” já não desperta qualquer interesse. É evidente que o conceito de liberdade é muito mais amplo que o direito de ir e vir. Da mesma forma, ser de “bons costumes” não significa o comportamento dentro de certos padrões ordenados pela sociedade. O “bom costume”, prima facie, se entenderia como aquele que demonstra “bom comportamento social”, porque pretende ingressar em uma Instituição Fraternal, como é a Maçonaria. “Bom costume” e “moral”, aqui, seriam sinônimos. Portanto, a condição de um “profano” ser considerado “livre e de bons costumes” não reflete o sentido lato da frase. Logo, cumpre encontrarmos a definição mais ampla, mais vertical e mais esotérica. Ser “livre” é possuir a faculdade, e também o dom, de sentir-se liberto, com uma amplitude universal. Nós, quando permanecemos na horizontalidade profana, sufocamos o “instinto” de liberdade. O “ser livre” Não é privilégio algum; apenas, o anseio de buscarmos o “primeiro passo” do caminho. Ser livre não significa romper as cadeias da tradição, do sistema social, da conjuntura familiar; ser livre significa trilhar um caminho de satisfações puras, sadias, que possa conduzir a uma meta realista: a felicidade. Ninguém poderá considerar-se livre, se infeliz. A liberdade dá tranquilidade e paz de espírito. Liberdade não é acomodação. Não se pode confundir as coisas. “Ser livre”, no conceito maçônico, é possuir o pensamento flutuante, pronto a aceitar o que é bom e satisfatório, sem depender até de uma análise profunda. O pensamento livre, rápido e instantâneo. A filosofia maçônica é a plenitude de uma vivência correta e feliz, mas de difícil alcance, porque os seus adeptos não vêm sendo selecionados com rigor; já não são convidados os homens “livres”, mas o são somente aqueles que têm uma conduta normal. É a horizontalidade da liberdade, quando há necessidade de uma liberdade vertical. “Ser livre” é a possibilidade de dispor de ânimo para receber o Irmão Maçom, com fraternidade. Pelo menos, com o primeiro impulso de concordância. O retoque para a conquista plena será dado posteriormente; através do convívio salutar, da experiência e do cultivo. A fraternidade é algo que deve ser conquistado; ninguém poderá impor a alguém, que ame a seu Irmão de ideal! Seria atentar contra o conceito de liberdade que a Maçonaria proclama. Essa proclamação não constitui o “sigilo maçônico”, porque quando o proponente contata o proposto, lhe fará a pergunta: “Sois livre e de bons costumes?”. Não basta a simples resposta afirmativa, porque os conceitos usuais sobre a liberdade e moral são muito acanhados e primários. Compete ao proponente pesquisar sobre essas condições, as quais, poderíamos dizer, seriam inatas do candidato. Ninguém, isoladamente e de forma individual, poderá “formar” um candidato e adaptá-lo às exigências maçônicas. Um candidato visado poderá ser instruído a ponto de se tornar apto ao ingresso na Ordem Maçônica. A Maçonaria precisa encontrar para propor, alguém que seja “livre e de bons costumes”, porque será um “predestinado”. É por este motivo que os Maçons são em número limitado; uma Instituição milenar tem poucos “prosélitos”, justamente porque é muito difícil encontrar um candidato “ideal”. Felizmente a humanidade não é tão dissoluta a ponto de não possuir elementos aceitáveis para a Maçonaria. Podemos adiantar que são milhões de homens dignos, mas a grande dificuldade é que nós não os encontramos e às vezes, estão ao nosso lado e dentro de nossa própria família. Aqui deveria funcionar a “terceira visão”. Logo, um proponente deve estar apto a “enxergar” no candidato em potencial, o elemento justo e perfeito para vir a ser mais um Irmão. Seria muito penoso respondermos a provável pergunta: e os maus Maçons? Realmente, por não ter havido uma seleção correta; existem os maus Maçons; talvez não devêssemos exagerar e nos expressar melhor: existem dentro das Lojas Maçônicas elementos que não eram ao serem propostos, “livres e de bons costumes”, e que se tomaram “pomo de discórdia”, mas, nada podemos fazer, senão usar de melhor arma que a Maçonaria nos proporciona, para com esses, a tolerância! A esperança de que, algum dia, possam ser instruídos e que se ajustem, o que seria, para a Instituição, um beneficio, mas para esses elementos, uma grande conquista! Para que alguém se possa considerar “livre” ou que os outros o possam assim admitir, faz-se necessário o toque espiritual. A aproximação de Deus - pois para o profano, a expressão da espiritualidade é Deus, enquanto para o Maçom é o Grande Arquiteto do Universo, quem busca a Deus o fará por desejo, por impulso ou por necessidade, mas será sempre a Grande Busca. Aqui não entra qualquer conceito de religião; apenas o comportamento natural entre o homem e o seu Criador. O conceito pleno de liberdade admite certa dose de misticismo. “Ser livre”, portanto, passa a constituir um “dom espiritual”, que pode ser inato ou cultivado. Se alguém se aproximar a um Maçom e lhe disser que deseja ingressar na Ordem Maçônica e como resposta ficar ciente de que a condição primeira será a de ser “livre e de bons costumes” e, em não o sendo, busque a maneira de conquistar a “liberdade”, poderá perfeitamente, despir-se de todos os entraves e aperfeiçoar-se para se “sentir livre”, dentro dos conceitos acima expendidos e, assim, habilitar-se ao ingresso na Instituição Maçônica. De forma que, o homem pode se “reconstruir” num trabalho de autorrealização! Excluído o ingresso na Maçonaria, o “ser livre” gratifica o homem, porque se tornará receptivo a compreensão do mistério da Vida e da Morte, princípio e fim da existência humana e princípio da existência espiritual. Dentro da Sociedade moderna é permanente a reunião desses “homens livres”, esperança derradeira para o mundo melhor que todos querem e de que a humanidade necessita. O homem que realmente é “livre” não alardeia essa condição privilegiada; mas como a luz não pode se esconder, muitos podem perceber essa condição e, evidentemente, haverá uma aproximação instintiva, no caso da pessoa tomar a iniciativa, que constituirá parte da “busca”. A parte profundamente mística reside no fato de que o Maçom é um “pedreiro livre” – free mason - sua tarefa precípua é “construir”, “em si”, o próprio Templo. Templo que tem uma destinação: o culto à Divindade; o aperfeiçoamento da parcela isolada para a construção da “Grande Catedral”, que é a humanidade e o conhecimento do “para onde iremos”, ou seja, a Vida Futura. Esse ponto básico, nada mais é que a “viabilidade desse “encontro”; a busca nem sempre é definida e muito menos definitiva. A “Grande Busca” será sempre a compreensão de que pode haver uma fusão entre criatura e Criador. Geralmente, o Maçom não é religioso no sentido de ser um praticante; em face disso, para satisfazer o anseio de sua alma, está constantemente buscando encontrar a tranquilidade que sua esposa demonstra, quando retoma de sua missa ou culto. Essa ansiedade nos vem do “bom costume” que trazemos do mundo profano, porque é comum a todos. Ser “livre e de bons costumes” não são duas atitudes separadas, mas uma complementação inseparável; ninguém poderá ser livre se não tiver bons costumes e ninguém terá bons costumes se não for livre. Portanto, a condição para um profano ser proposto para a Iniciação Maçônica há de ser o acima exposto, através de uma análise séria e completa, sem vacilações ou protecionismos, porque o ingresso de um só elemento desajustado põe em risco toda a Instituição.

Fonte: Aprendizado maçônico – Da Camino, Rizzardo.

JOSÉ ARAGUAÇU – M.`. M.`. ARLS ESTRELA DO XINGU Nº. 69