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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A condição para ingressar na Maçonaria

A seleção do candidato obedece a alguns requisitos, devendo ser uma pessoa que faz parte da sociedade, simples, honesta, crendo em Deus e numa vida futura e que tenha inclinação para o “agrupamento” e com recursos financeiros para atender os compromissos da Instituição. No entanto, existem mais duas condições essenciais: “ser livre e de bons costumes”. Hoje, pelo menos entre nós, o conceito de liberdade passa a ser simples, e o de bons costumes, diz respeito a um comportamento normal. Contudo, essa “simplicidade”, apresenta aspectos relevantes que para o Maçom, são essenciais. No passado, e não muito distante, o escravo não podia fazer parte da Ordem Maçônica e, por esse motivo, o conceito de “liberdade” revestia-se de simplicidade: bastava não ser escravo. Abolida a escravidão, esse conceito simples foi revisto, surgindo, então a parte esotérica. A escravidão trouxe sequelas amargas e mesmo depois da abolição da escravatura, no Brasil, o antigo escravo, agora livre, continuava “negro” e marginalizado, sujeito ao mais odioso preconceito; e fazendo parte desse preconceito, o negro não era recebido na Maçonaria. Nas últimas décadas, no Brasil, esse preconceito foi superado; hoje, os homens de “cor” têm ingresso na Ordem e fazem parte da Arte Real; lamentavelmente, nos Estados Unidos da América do Norte, a Maçonaria negra é uma Instituição à parte; não há confraternização e cada “cor” tem as suas Lojas exclusivas e os seus Corpos Filosóficos “fechados”; apenas são toleradas as “visitas” chegadas de outros países. Assim, não podemos entender que a “liberdade” possa ser, exclusivamente, o direito de alguém ser livre, um cidadão com as mesmas garantias constitucionais dos demais. No Brasil, todos os cidadãos são livres. Em consequência, a “condição” do candidato de ser “livre” já não desperta qualquer interesse. É evidente que o conceito de liberdade é muito mais amplo que o direito de ir e vir. Da mesma forma, ser de “bons costumes” não significa o comportamento dentro de certos padrões ordenados pela sociedade. O “bom costume”, prima facie, se entenderia como aquele que demonstra “bom comportamento social”, porque pretende ingressar em uma Instituição Fraternal, como é a Maçonaria. “Bom costume” e “moral”, aqui, seriam sinônimos. Portanto, a condição de um “profano” ser considerado “livre e de bons costumes” não reflete o sentido lato da frase. Logo, cumpre encontrarmos a definição mais ampla, mais vertical e mais esotérica. Ser “livre” é possuir a faculdade, e também o dom, de sentir-se liberto, com uma amplitude universal. Nós, quando permanecemos na horizontalidade profana, sufocamos o “instinto” de liberdade. O “ser livre” Não é privilégio algum; apenas, o anseio de buscarmos o “primeiro passo” do caminho. Ser livre não significa romper as cadeias da tradição, do sistema social, da conjuntura familiar; ser livre significa trilhar um caminho de satisfações puras, sadias, que possa conduzir a uma meta realista: a felicidade. Ninguém poderá considerar-se livre, se infeliz. A liberdade dá tranquilidade e paz de espírito. Liberdade não é acomodação. Não se pode confundir as coisas. “Ser livre”, no conceito maçônico, é possuir o pensamento flutuante, pronto a aceitar o que é bom e satisfatório, sem depender até de uma análise profunda. O pensamento livre, rápido e instantâneo. A filosofia maçônica é a plenitude de uma vivência correta e feliz, mas de difícil alcance, porque os seus adeptos não vêm sendo selecionados com rigor; já não são convidados os homens “livres”, mas o são somente aqueles que têm uma conduta normal. É a horizontalidade da liberdade, quando há necessidade de uma liberdade vertical. “Ser livre” é a possibilidade de dispor de ânimo para receber o Irmão Maçom, com fraternidade. Pelo menos, com o primeiro impulso de concordância. O retoque para a conquista plena será dado posteriormente; através do convívio salutar, da experiência e do cultivo. A fraternidade é algo que deve ser conquistado; ninguém poderá impor a alguém, que ame a seu Irmão de ideal! Seria atentar contra o conceito de liberdade que a Maçonaria proclama. Essa proclamação não constitui o “sigilo maçônico”, porque quando o proponente contata o proposto, lhe fará a pergunta: “Sois livre e de bons costumes?”. Não basta a simples resposta afirmativa, porque os conceitos usuais sobre a liberdade e moral são muito acanhados e primários. Compete ao proponente pesquisar sobre essas condições, as quais, poderíamos dizer, seriam inatas do candidato. Ninguém, isoladamente e de forma individual, poderá “formar” um candidato e adaptá-lo às exigências maçônicas. Um candidato visado poderá ser instruído a ponto de se tornar apto ao ingresso na Ordem Maçônica. A Maçonaria precisa encontrar para propor, alguém que seja “livre e de bons costumes”, porque será um “predestinado”. É por este motivo que os Maçons são em número limitado; uma Instituição milenar tem poucos “prosélitos”, justamente porque é muito difícil encontrar um candidato “ideal”. Felizmente a humanidade não é tão dissoluta a ponto de não possuir elementos aceitáveis para a Maçonaria. Podemos adiantar que são milhões de homens dignos, mas a grande dificuldade é que nós não os encontramos e às vezes, estão ao nosso lado e dentro de nossa própria família. Aqui deveria funcionar a “terceira visão”. Logo, um proponente deve estar apto a “enxergar” no candidato em potencial, o elemento justo e perfeito para vir a ser mais um Irmão. Seria muito penoso respondermos a provável pergunta: e os maus Maçons? Realmente, por não ter havido uma seleção correta; existem os maus Maçons; talvez não devêssemos exagerar e nos expressar melhor: existem dentro das Lojas Maçônicas elementos que não eram ao serem propostos, “livres e de bons costumes”, e que se tomaram “pomo de discórdia”, mas, nada podemos fazer, senão usar de melhor arma que a Maçonaria nos proporciona, para com esses, a tolerância! A esperança de que, algum dia, possam ser instruídos e que se ajustem, o que seria, para a Instituição, um beneficio, mas para esses elementos, uma grande conquista! Para que alguém se possa considerar “livre” ou que os outros o possam assim admitir, faz-se necessário o toque espiritual. A aproximação de Deus - pois para o profano, a expressão da espiritualidade é Deus, enquanto para o Maçom é o Grande Arquiteto do Universo, quem busca a Deus o fará por desejo, por impulso ou por necessidade, mas será sempre a Grande Busca. Aqui não entra qualquer conceito de religião; apenas o comportamento natural entre o homem e o seu Criador. O conceito pleno de liberdade admite certa dose de misticismo. “Ser livre”, portanto, passa a constituir um “dom espiritual”, que pode ser inato ou cultivado. Se alguém se aproximar a um Maçom e lhe disser que deseja ingressar na Ordem Maçônica e como resposta ficar ciente de que a condição primeira será a de ser “livre e de bons costumes” e, em não o sendo, busque a maneira de conquistar a “liberdade”, poderá perfeitamente, despir-se de todos os entraves e aperfeiçoar-se para se “sentir livre”, dentro dos conceitos acima expendidos e, assim, habilitar-se ao ingresso na Instituição Maçônica. De forma que, o homem pode se “reconstruir” num trabalho de autorrealização! Excluído o ingresso na Maçonaria, o “ser livre” gratifica o homem, porque se tornará receptivo a compreensão do mistério da Vida e da Morte, princípio e fim da existência humana e princípio da existência espiritual. Dentro da Sociedade moderna é permanente a reunião desses “homens livres”, esperança derradeira para o mundo melhor que todos querem e de que a humanidade necessita. O homem que realmente é “livre” não alardeia essa condição privilegiada; mas como a luz não pode se esconder, muitos podem perceber essa condição e, evidentemente, haverá uma aproximação instintiva, no caso da pessoa tomar a iniciativa, que constituirá parte da “busca”. A parte profundamente mística reside no fato de que o Maçom é um “pedreiro livre” – free mason - sua tarefa precípua é “construir”, “em si”, o próprio Templo. Templo que tem uma destinação: o culto à Divindade; o aperfeiçoamento da parcela isolada para a construção da “Grande Catedral”, que é a humanidade e o conhecimento do “para onde iremos”, ou seja, a Vida Futura. Esse ponto básico, nada mais é que a “viabilidade desse “encontro”; a busca nem sempre é definida e muito menos definitiva. A “Grande Busca” será sempre a compreensão de que pode haver uma fusão entre criatura e Criador. Geralmente, o Maçom não é religioso no sentido de ser um praticante; em face disso, para satisfazer o anseio de sua alma, está constantemente buscando encontrar a tranquilidade que sua esposa demonstra, quando retoma de sua missa ou culto. Essa ansiedade nos vem do “bom costume” que trazemos do mundo profano, porque é comum a todos. Ser “livre e de bons costumes” não são duas atitudes separadas, mas uma complementação inseparável; ninguém poderá ser livre se não tiver bons costumes e ninguém terá bons costumes se não for livre. Portanto, a condição para um profano ser proposto para a Iniciação Maçônica há de ser o acima exposto, através de uma análise séria e completa, sem vacilações ou protecionismos, porque o ingresso de um só elemento desajustado põe em risco toda a Instituição.

Fonte: Aprendizado maçônico – Da Camino, Rizzardo.

JOSÉ ARAGUAÇU – M.`. M.`. ARLS ESTRELA DO XINGU Nº. 69


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