À direita e à esquerda do “Quadro do
Aprendiz” figuram uma Pedra Bruta e uma Pedra Cúbica. Se certos símbolos
maçônicos provocaram poucos comentários, a Pedra bruta e a Pedra cúbica não
estão nesse caso. Aqui as dissertações abundam e os cursos de moral se inflam,
transformando-se em rios. A Pedra Bruta simboliza as imperfeições do espírito e
do coração que o Maçom deve se esforçar por corrigir. A Pedra bruta, com
efeito, pode ser considerada como o símbolo da Liberdade, e a Pedra talhada
como o símbolo da Escravidão. Vemos o profano apresentar-se à porta do Templo e
pedir Luz. Uma Loja, justa e perfeita, proporciona-lhe essa Luz e, ao mesmo
tempo, liberta-o iniciaticamente da servidão. Livre, o neófito simbolizará sua
liberdade por uma “pedra bruta”, com a qual se identificará. E a Pedra talhada,
terminada, composta de todos os preconceitos, de todas as paixões, de toda
intransigência das fórmulas absolutas, aceitas sem controle como expressão de
uma verdade inexpugnável e única, fazem do homem o escravo de seu meio. Sim, o
Aprendiz, pela Iniciação maçônica, que é um novo nascimento, reencontra o
estado da natureza; ele se liberta de tudo o que ela lhe tirou de espontâneo e
de bom. (No hermetismo, a pedra bruta simboliza a primeira matéria, a
“matéria-prima” que servirá para a elaboração da “Pedra Filosofal”. –
Hermetismo – Doutrina esotérica que tira o seu nome de Hermes Trismegisto e que
os primitivos gregos teriam ensinado aos iniciados). Ele reencontra a “Liberdade
de Pensamento”, e, com os “Instrumentos” que lhe são fornecidos, desbastará ele
próprio a “sua pedra” e conseguirá torná-la perfeita, imprimindo-lhe um caráter
de personalidade que será seu e único. Na Maçonaria, contrariamente ao que
ocorre na maioria dos outros agrupamentos humanos, cada Irmão conserva sua
inteira liberdade; ele não pode nem deve receber nenhuma palavra de ordem
suscetível de influenciar seus atos.
II - TRATAMENTO
FRATERNO
O tratamento fraterno de “irmão” é geralmente
adotado pelos Maçons. Eventualmente se emprega o “você” (tratamento íntimo
entre iguais). O tratamento cerimonioso do mundo profano levanta uma barreira
entre os homens e também entre os irmãos. Tratar como “irmão” garante a
igualdade de todos e permite o nascimento de um verdadeiro sentimento de união.
Se uma pessoa julgou-se digna de ser recebida como Franco-Maçom, ela é
igualmente digna de ser colocada em pé de igualdade com todos os seus irmãos.
Se ela se mostra indigna dessa familiaridade, é igualmente indigna de permanecer
na Loja. Aquele que se nega a ser chamado de irmão ou você dá provas de uma
vaidade deveras deslocada em nosso meio. Para a Maçonaria o maior será sempre
aquele que mais disposto estiver a servir, o que mais se dedique ao bem comum.
III - AS
COLUNAS DO TEMPLO
Profanamente dir-se-ia que coluna é um
elemento de sustentação de uma construção. É um elemento importante da obra,
pois que possibilita suportar ou equilibrar o peso de uma construção. Na obra
pode também ter a função decorativa. Na regra geral significa apoio,
sustentação, robustez. A coluna arquitetônica tem sua origem na Grécia Antiga. De
outra forma podemos definir coluna como sendo o elemento arquitetônico
destinado a receber as cargas verticais de uma obra de arquitetura (arco,
arquitrave, abóbada) transmitindo-as à fundação. Embora tenha a mesma função de
um pilar, este é geralmente mais robusto e de secção quadrada. A coluna tem
normalmente forma cilíndrica, podendo também ser poligonal.
A coluna costuma ser caracterizada por
uma estrutura mais esbelta e esguia, em prumo, o que lhe acarreta um
significado histórico, decorativo e simbólico mais acentuado. Os materiais de
construção podem variar entre a pedra, alvenaria, madeira, metal ou mesmo
tijolo atingindo-se uma grande variedade formal e decorativa que se pode
observar desde a antiguidade. A arquitetura moderna admite cinco ordens de
colunas. Os antigos só tinham três: dórica, jônica e coríntia. A coluna dórica
tem as proporções da força e da beleza do corpo do homem; a jônica tem a
graça da mulher, sendo mais esbelta porque é um pouco mais alta; a coríntia
tem as proporções mais delicadas e lembra uma donzela. Na Maçonaria o termo
coluna é utilizado para designar o conjunto de obreiros de uma Loja. Em sentido
figurado, significa os recursos físicos, financeiros, morais e humanos que
mantém uma instituição maçônica em pleno funcionamento. Em maçonaria a palavra
coluna possui derivações variadas, sendo as principais: Coluna JÔNICA:
Ela simboliza a coluna da sabedoria personificada pelo Venerável. Simboliza
também o Oriente e os Mestres. Fica localizada no oriente sobre a prancheta do
Venerável. A coluna Jônica representa os Mestres de uma loja. Coluna DÓRICA:
Simboliza a coluna da força e se personifica no 1º Vigilante. É a coluna que
representa os Irmãos Aprendizes. É localizada sobre a mesa do 1º vigilante. Coluna
CORÍNTIA: Simboliza a coluna da beleza. Personifica-se no 2º vigilante. É a
coluna que representa os Irmãos Companheiros. Em loja fica localizada sobre a
mesa do 2º vigilante. No templo podemos visualizar as seguintes colunas: Coluna
B: - (coluna do Norte) É uma das colunas que guarnecia a entrada do templo
de Salomão. Na expressão hebraica "booz", representando força.
Simbolicamente é o local onde os Irmãos Aprendizes recebem seu salário, isto é,
o centro de irradiação dos mistérios do grau, ou seja, é sob o abrigo desta
coluna que os aprendizes recebem as instruções necessárias e aprendem a polir a
pedra bruta. Em Loja, a coluna fica localizada no ocidente ao norte. A coluna é
dirigida pelo 1º vigilante. Coluna J: (coluna do Sul) Também é uma das
colunas que guarnecia a entrada do templo de Salomão. Significa segundo texto
bíblico: Jeová se estabelecerá. As colunas B e J são também denominadas de
colunas de Entrada. São as colunas que fortalecem a porta do templo. São
encimadas por romãs entreabertas, ou por dois globos: um representando a terra
e outro representando a esfera celeste, fazendo representar que a maçonaria é
universal. As colunas B e J são também conhecidas por colunas solsticiais. São
assim denominadas porque a coluna J situa-se ao sul e marca o solstício de
verão e a coluna B, ao norte, o solstício do inverno. Na Maçonaria ouviremos
ainda os seguintes termos, dentre outros: Coluna da Harmonia: Ela
representa o conjunto de obreiros que concorrem para o brilhantismo dos rituais
e festejos maçônicos. Coluna Gravada: Por coluna gravada entende-se toda
proposição escrita e encaminhada ao Venerável e recolhidas pelo Irmão Mestre de
cerimônia, por intermédio da bolsa de propostas e informações. Coluna
Zodiacal: É a denominação dada ao conjunto de doze colunas, sendo seis
situadas próximas a parede do norte e seis próximas à do sul. Em princípio, são
as colunas que dão sustentação a abóbada do templo. Cada uma leva um emblema
indicativo de uma constelação do zodíaco. Simbolicamente sustenta a calota
celeste e representa cada uma um mês do ano maçônico.
IV - CONCLUSÃO
Após sua iniciação, todo maçom deve
construir simbolicamente colunas para ajudar na sustentação de seu templo
maçônico e também do universal. Uma das características encontradas em quem
realiza obras é a capacidade de visualizar suas fraquezas e esforço de
eliminá-las. O Iniciado ao perceber a sua própria vulnerabilidade não deve se
sentir rebaixado ou incompetente. Pelo contrário: luta e contribui com decisão
na obtenção de bons resultados, tanto para ele quanto para o meio em que vive,
refletindo diretamente no seu ambiente de trabalho. Cabe ao maçom o dever de
ser coluna junto a sua família, no seu trabalho e especialmente junto à
sociedade, dando exemplo de honestidade, de tolerância, de bom senso, de
prática da justiça, de fé e união. O Iniciado precisa ser persistente em seus
sonhos, manter o entusiasmo e firmar em si uma crença pessoal absoluta, visto
que lhes é ensinado a confiar em suas habilidades, a polir a pedra bruta para
fazer as situações acontecerem e perceber que são as suas ações que sustentam,
além da família, toda uma coletividade. Ele aprende a interpretar aquilo que
simbolicamente representam as colunas maçônicas atuando não apenas num trabalho
isolado, mas sim, com o envolvimento de outros irmãos, com muito trabalho,
esforço incessante, firmeza de propósitos, competência e planejamento. O maçom
precisa construir no ambiente em que vive e junto à sociedade, colunas Dóricas
(fortes) seguidas de colunas Coríntias (da beleza) e por fim de colunas Jônicas
(da sabedoria), para possibilitar a construção de uma sociedade que lute com
coragem pela igualdade, fraternidade e justiça social, bem como, livre de toda
e qualquer opressão. O Iniciado necessita fortalecer seu caráter utilizando-se
dos bons exemplos, das instruções recebidas dos irmãos, praticando boas
atitudes, enfim, polindo a pedra bruta para que a mesma tenha lugar certo na
construção da coluna que sustentará também seu templo individual. Coloquemos o
Grande Arquiteto do Universo em nossas vidas, em nossas Lojas e não apenas em
nossas palavras. Não recusemos a prece e o estudo. Pratiquemos todo o bem de
que sejamos capazes. É preciso dedicação e estudo. Conhecimento e exercício.
Sem exercitarmos o que parece termos aprendido jamais aprenderemos. Somos
igualmente iniciados para construir o Reino do Grande Arquiteto do Universo, a
principiar de nós mesmos. Trabalhemos por mais luz no nosso próprio caminho.
JOSÉ ARAGUAÇU – M.`. M.`. ARLS
ESTRELA DO XINGU 69
Nenhum comentário:
Postar um comentário